Risques
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2023

Resistência bacteriana: um desafio da saúde mundial

A resistência bacteriana, um desafio da saúde mundial, causa 2000 mortes diárias e pode superar as mortes por câncer em 2050.

A questão não é nova, Alexander Fleming alertou que “existe o perigo de que um homem ignorante possa facilmente aplicar uma dose insuficiente de antibiótico e, ao expor os micróbios a uma quantidade não letal da droga, torná-los resistentes”.

A resistência bacteriana é definida como a capacidade dos microrganismos resistirem às concentrações terapêuticas utilizadas por um determinado fármaco.

No nível genético, diferentes processos foram identificados para a troca de informações entre bactérias que foram associadas à resistência.

Especialistas internacionais criaram uma terminologia internacional aplicável, desta forma se distingue:

  • Multirresistência, falta de suscetibilidade a pelo menos um antibiótico de três ou mais famílias consideradas úteis para o tratamento de infecções causadas por cada uma das espécies bacterianas consideradas.
  • Resistência estendida, falta de suscetibilidade a pelo menos um antibiótico de todas as famílias, exceto uma ou dois.
  • Pan-resistência, ausência de sensibilidade a todos os antibióticos de todas as famílias habitualmente utilizados no tratamento das bactérias consideradas.

A resistência bacteriana constitui, hoje, um dos maiores desafios da saúde pública mundial, já que a cada quatro horas os laboratórios do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) detectam um germe resistente, e 2.000 pessoas morrem todos os dias.

Projeções recentes mostram que em 2050 haverá mais mortes por essa causa do que por câncer, e que isso pode chegar a dez milhões de mortes se não invertermos essa tendência.

Há também um impacto econômico negativo que um estudo recente do Reino Unido eleva para 100 bilhões de dólares anuais.

Alguns pesquisadores propuseram o uso de marcadores biológicos, como a proteína C-reativa, o receptor solúvel de gatilho expresso nas células mielóides-1 ou a procalcitonina (PCT), o que poderia facilitar as decisões terapêuticas em relação aos tratamentos com antibióticos.

De acordo com as diretrizes elaboradas pela OMS (Organização Mundial da Saúde), deve-se usar um antibiótico para o qual tenha sido verificada a sensibilidade do germe causador da infecção a ser tratada, caso não seja possível, usar um que seja razoável; Utilizar sempre, sempre que possível, o antibiótico de espectro antimicrobiano mais estreito.

Imagem: geralt