Há cada vez mais cidades até chegarmos ao campo. Os alimentos vêm cada vez de mais longe e as novas gerações que vivem nos centros urbanos têm perdido este contato com a produção de alimentos, com o campo, com o cultivo do que comemos.
Nos últimos anos, no entanto, o assunto tem virado pauta de notícias e não é raro encontrarmos entusiastas deste assunto no nosso círculo de amigos. Um vaso de pimenta, de salsa, de coentros, ali ao lado da orquídea, e, pouco a pouco, as varandas dos prédios começam a ganhar mais cor.
As Hortas Urbanas em Portugal e França
Acontece que este movimento é muito maior e já não fica restrito somente às varandas e jardins pessoais, mas faz parte do planejamento urbano de muitas grandes cidades. Em Portugal, muitos programas de Hortas Urbanas já são organizados pelas próprias câmaras municipais e por parceiros do Setor Privado e ganham protagonismo no desenvolvimento de áreas urbanas. Uma revolução que brota nas cidades.
Alguns exemplos das Hortas Urbanas em Portugal
Na França e região parisiense a tendência é a mesma: uma plantação gigante no teto do ¨Parque de Exposições”, “Hortas e pomares em plena Paris”, “Fazendas Urbanas em Saint Denis (colocada na capital francesa), “Fazenda de Paris (5 hectares de plantação em Vincennes, também colada na capital), além de outras “fazendas urbanas” em plena Paris, e muito mais na periferia.
Ou ainda as “Hortas Coletivas” muito comuns na França, até então terrenos e parcelas cedidas aos mais velhos, aos que precisavam do contato da terra e cultivavam por prazer, hoje seduz os mais jovens, preocupados com o meio ambiente e a qualidade da alimentação. Atualmente também são utilizadas como espaço de socialização, reinserção social, projetos de educação e reapropriação da natureza.
O interesse pelas hortas urbanas: cultivando boas ideias
É notável e visível o crescimento do interesse por esta temática quando analisamos o termo Hortas Urbanas no Google Trends para Portugal. A busca por este item tem como temas relacionados os termos Jardim, Vegetais e inclusive a loja de materiais Leroy Merlin. Destacam-se como zonas de maior procura por este termo o distrito de Beja, Madeira e Évora. Para além do termo |HORTA URBANA|, há também uma procura pelo termo |HORTA COMUNITÁRIA| (com menor volume de busca) e também por jardins urbanos e horta em casa. Como fazer uma horta? Em casa? Na varanda? No quintal? O que plantar numa horta? .. São perguntas comuns pesquisadas pelos utilizadores em Portugal.
Nota-se um comportamento similar nas buscas por essa temática também em França. Há recorrência na procura pelo termo em Março/Abril (altura da primavera na Europa) e um grande volume de buscas durante o período de confinamento. As regiões de Pays de la Loire e Brittany são as que apresentam o maior interesse pelo tema. Dentre os termos relacionados à busca dentro desta temática estão: Faire un Potager (como fazer uma horta), Potager City (um empresa especializada em kits de hortas urbanas), Potager Jardin e Potager Carré (Horta quadrada).
Este tipo de estudo de tendências e buscas nos motores de busca é desenvolvido pela Verakis em parceria com a GOMO Digital, consultoria digital localizada em Portugal. Saiba como podemos te ajudar!
Você sabia que as hortas já faziam parte das cidades em séculos passados?
As hortas já faziam parte da toponímia de Lisboa desde tempos medievais. Seu propósito, tamanho e proprietários foram se alterando com o passar dos anos, mas a paisagem da Lisboa do século XIX também contava com a presença das hortas em sua constituição.
Esse passeio pela história das Hortas de Lisboa pode ser acompanhado muito de perto na belíssima exposição “Hortas de Lisboa: Da Idade Média ao século XXI“, que está disponível no Museu de Lisboa no Palácio Pimenta. A Verakis teve a oportunidade de fazer uma visita guiada à exposição no programa de Visitas Técnicas de Lsboa que ocorreu em Setembro de 2020.
Para além da história das hortas, sua contribuição para a alimentação dos centros urbanos daquela época, e a importância das hortas como local de socialização, conhecemos os desafios atuais para manutenção destes espaços e o esforço coletivo feito por câmaras municipais e cidadãos.
Conheça o trabalho pelo realizado pelo Museu de Lisboa também através do Blog Hortas de Lisboa.
Sustentabilidade e segurança alimentar
Com o aumento considerável de pessoas que migram para áreas urbanas, as cidades estão cada vez mais propensas a problemas ambientais no ar, nos solos e nas águas, dentre outros. Como é mencionado na obra “Hortas Urbanas: quando a sustentabilidade encontra a cidade”, as cidades tornam-se ambientes hostis para a natureza e os seres humanos que nelas habitam, principalmente as populações mais vulneráveis, que não têm acesso ao saneamento básico e planejamento urbano. Por isso, é necessário que os espaços urbanos sustentáveis sejam criados, para abrigar os cidadãos e diminuir os impactos ambientais negativos.
Em Paris está em andamento a construção da maior horta urbana da europa, a área a ser usada conta com 4mil m², porém a intenção é aumentar o espaço agrícola para 14 mil m² até 2022. Segundo a RFI, no teto do pavilhão 6 do Salão da Agricultura de Paris, serão semeados frutas e legumes, e a expectativa é a colheita de 1000 unidades/ dia. A produção será destinada para para os moradores do bairro e as cidades próximas, para atender ao conceito de ecologia urbana em circuito curto. Os habitantes poderão alugar uma pequena parte do local para realizar a sua própria horta.
Na cidade do Porto, é possível observar hortas agregadas a edifícios e hortas pedagógicas e comunitárias, que incentivam a educação e produção sustentável.
Depoimento
“Sou até suspeita para falar das experiências propostas pela Verakis, uma vez que sou eu quem faz esta “curadoria” e escolhe dentre o existente e o possível, projetos para que nossos alunos, clientes e colaboradores, vivam uma experiência única para ver, literalmente, a ciência no contexto social. E aprecio todas, inclusive aquelas que nos decepcionam, pois acredito que se aprende em qualquer circunstância (mesmo nas menos interessantes).
Mas a visita à exposição “Hortas de Lisboa – Da Idade Média ao Século XXI” do Museu de Lisboa /EGEAC foi especial para mim, pois acompanhados pela diretora do museu e pelo comissariado do projeto (uma antropóloga e um historiador), foram nos apresentando a exposição e contando como o projeto surgiu, como brotaram as ideias, que tipo de pesquisas fizeram, como constituíram as parcerias, porquê escolheram cada tema, como foi o desenvolvimento artístico de cada tema/sala. E isso tudo é a magnificência da vulgarização das ciências, que é a base e a filosofia de trabalho da Verakis.
Ver como a pesquisa científica sai do papel e torna-se “palpável” para os “mais comuns dos mortais” é mágico. Ver a ciência na “boca do povo”, sem pompa, sem códigos, sem entraves, sem disfarces, é o sonho de todo popularizador ou vulgarizador de ciências.”
Dra. Juliana Grazini dos Santos
Presidente da Fundação Verakis
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