A partir do conhecimento grego os árabes avançaram nos campos da astronomia, matemática, medicina e filosofia. Eles refinaram e popularizaram uma técnica que deu origem a uma nova categoria de bebidas: a destilação.
Os árabes começaram a aplicar a técnica no vinho, e um acadêmico no século VIII d.C. inventou um aparato de destilação denominado alambique.
O vinho destilado era mais forte, pois apresentava um teor alcoólico maior. Esse teor alcoólico poderia ser conseguido por meio da redestilação repetidamente.
Os destilados representaram uma forma compacta e durável do álcool para transporte a bordo de navios e encontraram uma série de outras aplicações.
No mundo árabe, o destilado do vinho era ingrediente de remédio, mas quando a destilação se espalhou pela Europa cristã é que as bebidas destiladas passaram a ser amplamente consumidas.
No século XII, um alquimista italiano ao fazer experiência com o vinho destilado, percebeu que o líquido era inflamável e como num código secreto chamou de “água ardente”. Já no século XIII, o vinho destilado era visto como remédio milagroso chamado de “água da vida”.
O remédio milagroso poderia ser ingerido ou aplicado em uma parte afetada do corpo.
Durante o século XV, a “água ardente” começou a se tornar algo recreativo.
Na mesma época, com a criação da imprensa, um livro sobre destilação foi publicado alegando diversos benefícios sobre o consumo da água ardente.
As bebidas destiladas ficaram populares pela capacidade de embriagar rapidamente e adequadas aos climas mais frios do norte da Europa.
Pela primeira vez a cerveja foi destilada e a bebida que deu origem ao uísque moderno tornou-se parte do estilo de vida irlandês.
O surgimento das bebidas destiladas ocorreu em paralelo ao período em que os europeus iniciavam a exploração do mundo por rotas marítimas. Essas bebidas exerceram papel fundamental ao comércio de escravizados vindo da África para as colônias. Os traficantes africanos aceitavam vários produtos europeus em troca de escravizados, mas as bebidas alcoólicas fortes eram as mais solicitadas, a exemplo do conhaque. Antes de qualquer negociação, era comum os europeus presentearem aos negociantes africanos grandes quantidades de álcool.
Outra bebida também era elaborada no Brasil à partir do caldo de cana ou da espuma retirada da fervura que os portugueses chamavam de aguardente de cana. Uma nova bebida surgiu a partir do resíduo da produção de açúcar, o rum. O que tornou possível fazer a aguardente de cana mais barato. Com isso, o rum passou a ser a principal moeda de troca para comprar africanos que seriam escravizados.
No período colonial as bebidas destiladas protagonizaram muitas revoluções urbanas que culminaram na independência das colônias.
Essa é a quarta parte da apresentação feita por Milene Gomes, sobre o livro “História do Mundo em 6 copos”, do autor Tom Standage, no “Papo à Mesa” da Verakis.
O livro foi apresentado pela Profa. Dra. Milene Gomes (Coordenadora do Curso de Engenharia de Alimentos da Unversidade do Agreste de Pernambuco – UFAPE) no Papo à Mesa da Verakis, no dia 21/05/2022.
Revisão: Ana Caroline
Edição: Juliana Grazini dos Santos
Imagem: Iryna Kuznetsova