O que comíamos há dez mil anos? Como vamos alimentar uma crescente população
em 2050?
Foi com esses questionamentos que a nutricionista Alline Alves introduziu a
apresentação do Papo à mesa de setembro, a respeito do livro “A Epopeia da Comida”,
de Jacques Attali.
Epopeia, uma narrativa de grandes acontecimentos: é disso que trata o livro que
descreve uma (não tão) breve história da nossa alimentação.
Talvez nunca saibamos ao certo o que nossos ancestrais mais primitivos costumavam comer, porém, conseguimos perceber que a comida construiu a história de grandes nações e impérios: o comer ligado à saúde na China, comer para governar na Grécia, comer
para dominar em Roma.
Além disso, a comida também participou de momentos de crise na história humana.
O processo de industrialização que avançou durante a primeira guerra mundial, com
combate à fome (que consequentemente aumentou) impulsionando a busca por
produtividade agrícola com uso de fertilizantes, dos OGM (organismos geneticamente
modificados).
Tudo contribuiu para o avanço de uma indústria alimentar no século passado cada vez mais forte.
E por falar em indústria, você sabia que nesse mesmo contexto alguns sabores artificiais foram criados para disfarçar a insipidez dos produtos? É de espantar, uma desvalorização do paladar.
E hoje, o que vivemos em relação à alimentação?
As consequências das bruscas mudanças recentes, como impactos ambientais da produção de alimentos, a desvalorização da sociabilidade das refeições, e o pior, o marco da desigualdade alimentar.
Esses produtos industrializados e ultraprocessados que surgiram no século passado, hoje tomam as mesas dos mais pobres, porque são no geral mais baratos que alimentos frescos e pouco processados.
O que podemos, então, esperar dos próximos 30 anos?
O autor especula que haverão formas de comer variando de raros e ricos gastrônomos aos paupérrimos. Comeremos mais insetos, menos açúcar, e seremos mais vegetarianos.
Com esse cenário geral, na sua maior parte preocupante, Alline deixou-nos com duas
mensagens finais importantes: o melhor comportamento alimentar de cada um será útil
à preservação do planeta, e precisamos redescobrir o prazer de falar e comer juntos.
“Acredito que as mensagens sejam complementares, pois é preciso um resgate da
essência do comer, o comer em comunidade, e em comunidade com soma de ações
individuais podemos resgatar a comida como ela é.”
Para assistir o “Papo à mesa”: “A Epopeia da Comida” de Jacques Attali na íntegra, acesse o link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=XWc_FBAmxpo
Para participar do “Papo à Mesa” Verakis acesse a agenda do projeto.
Texto: Lauren Yurgel, estagiária Verakis, graduanda em nutrição da UFRGS.
Alline Alves é nutricionista do segmento de Food Service com especialidade em Controle de Qualidade na Produção de Alimentos e Segurança dos Alimentos, Alline dedica-se
principalmente ao ramo da alimentação para coletividades.