Menos chocolates na caixa ou leite no sorvete, para não aumentar muito os preços nas gôndolas e correr o risco de assustar clientes preocupados com suas carteiras. Esse é “shrinkflation” (do verbo “shrink” em inglpes, que quer dizer encolher), que consiste em mascarar os aumentos de preços dos produtos reduzindo seu peso.
Para os otimistas essa é uma maneira de perder peso sem esforços. O pessimista reclamará que não tem mais o suficiente para seu dinheiro. O observador, por sua vez, apontará esses abusos, certamente legais, da indústria que reluta à transparência e oculta ao máximo esses pequenos arranjos com a economia e seus clientes.
A associação Foodwatch, na França) aponta que, desde 2019, seis produtos encolheram “encolher”: o queijo “Kiri”, a margarina orgânica de Saint Hubert, a água com gás Salvetat, o açúcar branco de Saint Louis, os chocolates dos Pireneus da Lindt e até o xarope de grenadine da Teisseire.
As caixas de chocolate ao leite dos Pirineus da Lindt foram reduzidas em seis mordidas, passando de 30 para 24 e reduzindo o peso total em 20%. Enquanto o preço do quilo, registrado no distribuidor Carrefour, saltou 30% desde 2020, o aumento do preço da caixa ficou limitado a 4%. A Salvetat, de propriedade da Danone, reduziu o tamanho de suas garrafas de água de 1,25 litros para 1,15 litros em 2020. No final, o preço da garrafa aumenta pouco (+5%), enquanto o preço do litro subiu 15% em Intermarché. E o Foodwatch destaca que a menção “Tamanho generoso como o povo do Sul” desapareceu do rótulo.
A “”shrinkflation” não se limita à França. Muitos usuários da rede social TikTok nos Estados Unidos identificaram uma tendência de colocar mais vácuo no mesmo recipiente.
Em seu estudo, John Plassard também aponta outro fenômeno, a “cheapflation”. Consiste em “substituir determinados produtos ou alimentos por substitutos (alimentícios ou não alimentares) mais baratos”. Ele dá o exemplo, nos Estados Unidos, de um sorvete que se tornou uma “sobremesa congelada”, porque “foram retirados tantos laticínios (…) que não pode mais ser chamado legalmente de sorvete”.
Nada é ilegal, mas é desonesto para com o consumidor.
Fonte: https://www.foodwatch.org/fr/accueil/
Imagem: Suzanne Tucker