Há muito tempo se discute a influência de situações estressantes sobre nossa saúde. Nos períodos em que a ansiedade é alta, buscamos por distrações e relaxamento. Nesses casos, um dos refúgios mais buscados é o alimento, pois em momentos preocupantes encontramos na alimentação algum tipo de conforto e de consolo que acalmam. É o chamado ‘comer emocional’.
No mês de Março desse ano, a revista científica ‘The Lancet’ publicou uma revisão de pesquisas a respeito dos efeitos psicológicos da quarentena que ocorreu durante a epidemia de SARS – Síndrome Respiratória Aguda, em 2002. De acordo com a revisão, cerca de 29% dos entrevistados tiveram sintomas de estresse pós-traumático, enquanto 31% apresentaram depressão pós isolamento. Isso nos mostra o quanto o distanciamento social também pode ser prejudicial ao ser humano.
Quanto aos franceses, especificamente, o confinamento trouxe mudanças dos hábitos alimentares e também um leve ganho de peso. O estudo Ifop feito para o site Darwin Nutrition, em Abril de 2020, entrevistou 3.045 franceses com dezoito anos ou mais, e revelou que 57% deles ganhou, em média, 2,5 quilos desde o dia 27 de Março.
De acordo com artigo publicado pelo site L’OBS, na França, esse mesmo estudo também indicou que “o confinamento exige um aumento do “caseiro”, pois 42% dos franceses dedicam mais tempo do que antes ao preparo das refeições e 29% produzem mais comida caseira, como pão e iogurte. Cerca de 21% dos franceses também declaram ter menos uso de entregas em domicílio. Desde 17 de março, 35% dos entrevistados também dizem que dão mais importância à natureza local dos alimentos”. Outro fato curioso levantado pelo estudo foi que, dentre a população que mais ganhou peso, estão as mulheres que vivem nas regiões parisienses e os homens que habitam as zonas rurais francesas e que costumam fazer parte de famílias numerosas.
Sabemos que não foi só a França que enfrentou o aumento de peso durante a quarentena, e agora com o desconfinamento, iniciado em 11 de Maio, muitos disseram estar dispostos a manter uma rotina alimentar mais saudável. Talvez retornar seja ainda mais desafiador do que paralisar a rotina, mas muito em breve veremos os resultados, não só na França, como no mundo todo.
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