“A humanidade sobreviveu no século XX aos maiores massacres da sua história e às suas invenções mais destrutivas, como a bomba atômica. Mas o perigo que pesa hoje sobre ela é sem precedentes : em um contexto de explosão demográfica, o seu futuro está, hoje, comprometido por uma transformação climática que afeta a Terra sobre a qual ela (humanidade) vive e que coloca em perigo a sua própria existência.
“A quase totalidade dos cientistas e dos especialistas do clima concordam que desde o começo do século XX, as temperaturas oceânica e atmosféricas aumentaram significativamente, e para eles este fenômeno é causado pelas emissões acumuladas de gás a efeito estufa. Estas emissões são resultantes das atividades humanas : dejetos/lixo da indústrias, exploração intensiva de carvão, petróleo e gás, agricultura produtivista, transportes poluentes, desflorestamento, etc.” (Lionel Jospin – Un temps troublé – Ed Seuil, 2020)
“E a produção de alimentos, além de consumir petróleo e gás, exerce um papel importante na produção intensiva no setor primário, uso e contaminação das águas, faz uso dos transportes poluentes, polui e usa energia em grandes quantidades. O setor tem evoluído para caminhar no sentido de uma produção sustentável e é o que discutiremos nestes 3 dias.” (Juliana Grazini)
Estas foram as frases de abertura do I Workshop Produção sustentável e responsável de alimentos : Desafios, paradigmas e inovação de grandes e pequenos produtores para promover uma alimentação sustentável, que aconteceu nos dias 25, 26 e 27 de fevereiro de 2021 pela plataforma Verakis Ensina.
Neste primeiro dia, 2 agricultores, Leonardo Cunial da Vinícola Cunial, na região de Parma (Itália) e João Lopes da Enxerta, produtor de vinho e mirtilos na região do Douro (Portugal), falaram das dificuldades para manter pequenos negócios de produção de alimentos orgânicos viáveis do ponto de vista financeiro.
Juntos eles comentaram dos custos elevados para a produção orgânica, com os cuidados diferenciados com a terra e certificações de produtos, falaram dos incentivos da União Europeia, inclusive da visão global do mercado europeu, e deixaram claro que é preciso garra, vontade e acreditar na missão de transformação para um mundo melhor, produzindo e oferecendo alimentos de melhor qualidade, protegendo o meio ambiente e contribuindo com a soberania alimentar.
No segundo dia outros parágrafos de Lionel Jospin no livro “Temps troubles” abriu a discussão: “A população mundial, trezentos mil anos após o aparecimento do homem moderno na Terra, não ultrapassa 500 milhões de indivíduos no ano de 1500, após a descoberta da América.
“Em 1800, atingiu 1 bilhão e 2 bilhões em 1930. A taxa de progressão decolou a partir de 1960 e a população da Terra aumentou em 1 bilhão a cada 15 anos.
Hoje, aumentou para 7,6 bilhões de pessoas. Deve chegar a 8,5 bilhões em 2030, para se estabilizar em torno de 11 bilhões até 2100, segundo projeções da ONU.
A produção de alimentos em grande escala é portanto importante e não deve ser negligenciada.”
Neste dia Marcello Gelo, Global Marketing Director da Mutti, e Matteo Gori – Global Marketing Director do Barilla Group, apresentaram as ações de transição ecológica das respectivas empresas, grandes players no setor dos alimentos. As ações são diversas desde valorização dos produtores e produção de molho de tomate no campo, para diminuir a quilometragem de transporte e melhorar o frescor dos produtos Mutti até os ciclos de economia circular, ações de responsabilidade social em países em desenvolvimento, e a melhoria da qualidade nutricional de produtos Barilla,
A conclusão é que grandes players do setor têm colocado em prática ações importantes para a transição ecológica, por vezes mais importantes do que as governamentais, mas que nem sempre são conhecidas pelos adeptos do Foodbashing.
No terceiro dia Davide Gibin, PhD em Estudos de Sustentabilidade pela UNIBS (Università degli Studi di Brescia) apresentou as iniciativas e incentivos governamentais na União Europeia e Itália, para a promoção da produção sustentável de alimentos, e Paula de Oliveira Feliciano é mestra em Culturas e Identidades Brasileiras pelo IEB/USP, graduada em Gastronomia e pós-graduada em Docência para o Ensino Superior. Atua como chefe de Projetos Verakis Brasil, apresentou as iniciativas privadas de valorização de pequenos produtores e de produtos oriundos de práticas de agricultura sustentável do Estado de São Paulo e Brasil.
A União Europeia tem muita esperança com “The European Green Deal”, o plano para tornar a economia da UE sustentável, transformando os desafios climáticos e ambientais em oportunidades e tornando a transição justa e inclusiva para todos.
E que o Brasil por meio de iniciativas não governamentais, que não são poucas, tem feito um brilhante trabalho de promoção e apoio à produção sustentável de alimentos.
Saiba mais:
Se você é profissional ou estudante ou amador das áreas de alimentos e alimentação, sensível e engajado com o planeta e a alimentação do futuro, este programa é pra você!
A próxima edição da Visita Técnica Alimentos, Alimentação e Sustentabilidade na Itália/U.E. acontece na região de Parma – Itália, de 19 a 25 de setembro de 2021.
Informações e inscrições: verakisbr@verakis.com