Em função da incidência de casos de Covid-19 foram identificados em pessoas que trabalham em oficinas de processamento de alimentos, na França e em todo o mundo, um projeto coordenado pela ANSES e financiado pela Agência Nacional de Pesquisa(França) foi lançado com o objetivo de entender melhor como o vírus circula nas oficinas de preparo de carnes, e então propor medidas de prevenção adequadas.
Desde o início da pandemia Covid-19, vários surtos de infecção ocorreram em oficinas de processamento de alimentos e, em particular, nas de processamento de carne. Ambiente fresco e úmido, espaço fechado, proximidade dos trabalhadores, necessidade de fazer esforços físicos e falar alto para ser ouvido no ruído ambiente: esses elementos podem promover a persistência e disseminação do vírus SARS-CoV-2.
O estudo de 1 ano anunciado pela ANSES, denominado SACADA, para estudar a “Transmissão de SARS-CoV-2 em oficinas de preparação de alimentos”, com foco no processamento de carnes, é subsidiado pela Agência Nacional de Investigação (ANR), e será realizado em colaboração com o Instituto Pasteur, o INRAe, Santé publique France e as escolas veterinárias nacionais de Alfort (ENVA) e Nantes (Oniris).
A primeira parte do estudo se dedicará à persistência do vírus no ambiente de trabalho, nos alimentos produzidos e suas embalagens, com base em uma revisão de estudos científicos sobre o assunto, bem como em experimentos, para melhor especificar em quais condições o vírus pode permanecer contagioso.
Outra parte se dedicará à descrição das atividades habituais nas oficinas de preparação de carnes. Esses dados, assim como todas as informações sobre a persistência do vírus e sobre os clusters que surgiram nesses ambientes, serão usados para alimentar um modelo dinâmico de circulação e transmissão do vírus.Esse modelo pode ser usado para simular a eficácia de medidas de prevenção.
Duas estruturas regulatórias se aplicam em paralelo nas oficinas de processamento de carnes: uma para segurança alimentar e outra para proteger os trabalhadores contra o risco de contaminação. Essas regras costumam ser postas em prática separadamente, e o estudo permitirá que sejam analisadas globalmente, para definir um sistema operacional integrado de segurança sanitária.
Imagem: HaiBaron