Fomos instruídos a sair da rotina, ao invés de sairmos de casa. Com o isolamento físico, consequente da pandemia de Covid-19, até nossos hábitos mais básicos se transformaram de alguma forma. Comer, escovar os dentes, dormir, tudo foi influenciado pelo confinamento quando trouxemos nosso trabalho para dentro de casa.
Para muitos, enquanto quartos e salas viraram local de trabalho, a cozinha virou lugar de lazer e descanso. Com mais tempo em casa e a família presente, o preparo das refeições tornou-se uma oficina de artes com direito a experimentos e muita diversão.
De acordo com um artigo escrito pelo site francês Influencia, nós “voltamos ao tempo e ao prazer de preparar e compartilhar nossas refeições. Segundo Kantar, um terço das famílias diz que gastou mais tempo cozinhando, 21% cozinha com a família e 27% cozinharam pratos que não estavam acostumados a fazer antes… uma ótima oportunidade para transmitir conhecimentos culinários e aprender novas habilidades para o futuro!”.
A pesquisa CNRS ‘Manger au temps du coronavirus’ – comer em tempos de coronavírus – indicou que os franceses têm optado pelo delivery ou retirada no local, a fim de economizar tempo para outras atividades, como cozinhar, por exemplo. Agora as refeições são banhadas a compartilhamento e reconexão familiar, além dos novos hábitos alimentares. Mas a grande questão é: será que tudo isso vai ser mantido no pós pandemia?
Albert Moukheiber, doutor em Neurociência Cognitiva, afirma que “o último fator importante na determinação das escolhas alimentares é o hábito. Para um novo hábito se estabelecer, seriam necessários 66 dias.” Certamente já tivemos tempo para formar novos hábitos nessa quarentena, que foi instaurada há mais de dois meses no mundo todo.
As respostas sobre o que virá após a Covid-19 ainda são incertas. O que já podemos afirmar, no entanto, é que muitos encontraram no ato de cozinhar, a possibilidade de começar um novo hobbie. O que antes poderia parecer cansativo, difícil ou até sem graça, passou a ser visto como uma oportunidade de autoconhecimento, de cultivar bons momentos e também hábitos mais saudáveis.
Mariana Moro – Graduanda em Medicina Veterinária na USP FZEA e estagiária Verakis.
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