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2020

Intoxicação Alimentar em casa durante a pandemia: como prevenir

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta sobre doenças transmitidas por alimentos. A ANSES divulgou orientações para prevenir a intoxicação alimentar em casa.

Uma das grandes preocupações da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre saúde pública global são as doenças transmitidas por alimentos (DTAS). A ANSES – Agência Nacional de Segurança Sanitária dos alimentos, meio ambiente e trabalho -, que funciona como a Anvisa, porém francesa, divulgou orientações em sua última circular sobre como evitar intoxicação alimentar em casa. De acordo com a Agência, estima-se que em torno de 1/3 das intoxicações alimentares declaradas no país ocorrem na própria residência do paciente. No Brasil, de acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), são notificados, em média, cerca de 700 surtos de DTA em geral, anualmente.

Comum no mundo todo e podendo atingir qualquer pessoa, os casos de intoxicação alimentar estão relacionados a diversos fatores, como: as condições de estocagem dos alimentos; o saneamento e a qualidade da água para consumo humano; práticas inadequadas de higiene pessoal e a modificação no consumo e na elaboração de alimentos.

Com o aumento do consumo de refeições elaboradas em casa devido ao confinamento, a ANSES pede uma atenção redobrada no preparo dos alimentos e recorda a aplicação das boas práticas de higiene durante o preparo das refeições para prevenir as intoxicações alimentares.

Os microorganismos podem aderir-se aos planos de trabalho e equipamentos (geladeiras…), a higienização frequente das superfícies é necessária. Além de lavar bem as mãos com água e sabão frequentemente, aconselha-se que as esponjas, os panos de prato e outros utensílios de limpeza sejam lavados e desinfetados com freqüência, adicionando alvejante nas doses recomendadas, ou sendo lavados com água muito quente (temperatura acima de 60 ° C).

Alguns cuidados devem ser tomados para a estocagem e conservação dos alimentos:

a. Remova as embalagens em excesso dos alimentos (caixas de papelão ao redor do iogurte, por exemplo) antes de guardar na geladeira, diminuindo as chances de contaminação;

b. Conserve os alimentos sensíveis (por exemplo, carnes, peixe, refeições prontas) na área mais fria da geladeira;

c. Evite o contato direto e indireto entre alimentos crus e cozidos na geladeira;

d. As sobras das refeições devem ser mantidas em vasilhas fechadas ou protegidas por filme PVC;

e. Evite sobrecarregar a geladeira para permitir a circulação de ar no interior;

f. Mantenha a temperatura da geladeira em 4°C (na zona mais fria);

g. Verifique e respeite a data de validade dos produtos embalados;

h. Congele os alimentos com antecedência (no momento da compra ou preparação) e não no final do prazo de validade;

i. Para as refeições compradas prontas, não embaladas previamente (ex: buffet livre, presunto cortado na hora…), nos quais não há prazo de validade, recomenda-se o consumo em uma duração inferior a 3 dias.

Deve-se ter uma preocupação maior com alguns alimentos. É o caso dos ovos, por exemplo, que devem ser mantidos sempre na mesma temperatura para evitar o fenômeno de condensação da água em sua superfície. Os ovos partidos ou rachados não devem ser comidos, e de modo algum devem ser lavados antes de serem armazenados, pois a lavagem aumenta a porosidade da casca e permite a penetração de microrganismos. Para as preparações à base de ovos crus (maionese, cremes, musse de chocolate, doces, etc.), o consumo deve ocorrer imediatamente após a preparação, ou então devem ser resfriadas rapidamente e mantidas frias para serem consumidas em 24 horas.

Algumas dicas também sobre as boas práticas da preparação dos alimentos foram relembradas:

a. Evitar preparar alimentos em caso de sintomas de gastroenterite e doença semelhante à gripe;

b. Reservar uma tábua de corte para cada tipo de alimento (carne, peixe, legumes crus). Uma vez que o alimento estiver cozido, não reutilize os pratos e utensílios usados ​​para prepará-lo e transportá-lo cru;

c. Lavar bem as frutas e verduras;

d. O descongelamento deve ser feito na geladeira, no microondas ou por cozinhamento. Recomenda-se consumir alimentos descongelados rapidamente (não mais que três dias). Os alimentos descongelados não devem ser congelados novamente.

e. Cozinhar alimentos a uma temperatura central de 70 °C;

f. As refeições feitas em casas não devem ser deixadas em temperatura ambiente por mais de 2 horas antes do consumo ou da refrigeração, e devem ser consumidas dentro de 3 dias. Para um resfriamento mais rápido dividida em porções menores;

g. Consumir a carne moída bem cozida para o público dito sensível (ex: mulheres grávidas, crianças pequenas, idosos);

h. O consumo de carne ou peixe cru (no tártaro, carpaccio ou sushi) é fortemente desencorajado para o público dito sensível (ex: mulheres grávidas, crianças pequenas, idosos);

E por fim, recomenda-se descartar o lixo e limpar as lixeiras regularmente, sempre que necessário.

Camila de O. Barros, Inspetora do serviço de produtos alimentares na Direção Departamental de Proteção das Populações na França (DDPP) des Yvelines, Mestre em Nutrição e Ciências dos Alimentos pela Universidade Paris-Saclay (Agroparistech), e vai ser um dos correspondentes Verakis para acompanhar a evolução do setor dos alimentos durante o confinamento europeu.

Fontes:

https://www.anses.fr/fr/content/eviter-les-toxi-infections-alimentaires-en-confinement-les-bonnes-pratiques

https://saude.gov.br/saude-de-a-z/doencas-transmitidas-por-alimentos

Imagem de fancycrave1 por Pixabay