Desde os anos 90 do século recém passado, com a publicação e utilização (ouso dizer quase exaustiva) do artigo "You are what you eat--what you eat is what you are, de Dietz WH(J Adolesc Health Care. 1990 Jan;11(1):76-81.) que a comunidade cientiífica e posteriormente os leigos usam a máxima "você é o que você come" com as mais variadas finalidades.
E eis que um jornalista, americano, Steven Poole, escreve um livro entitulado: "você não é o que você come". Pena não ser semióloga explicar o que ele causa com esta frase que vai no contra fluxo.
Muito interessante a maneira como ele descreve o cenário atual do mundo dos alimentos, da alimentação e de nutrição por meio do repertório semântico, semiótico e experimental dos chefs gourmets, programas de televisão de gastronomia e afins.
Ele denuncia as "estrelas" da gastronomia e comenta que os "gurus" da alimentação "ideal" são idênticos quanto ao extremismo e suas hipérboles.
Gosto muito quando ele menciona que não há lugar nesses ambientes para o equilíbrio, para a dúvida, para auto-questionamento, muito menos para o autoconhecimento que poderiam ser explorados.
Ou quando ele fala das promessas ilusórias passadas de maneira subliminar do tipo: "se você cozinhar essas receitas, você será recompensado com bons momentos, brilhante fins de semana e grandes sorrisos ao redor da mesa ", ou das experiências de química infantil, do léxico cansado (" lixo "," fonte "," artesanal "," herança "," apropriado "," real "), fazendo reivindicações absurdas de proveniência, adoração de ancestrais extremamente sentimentais e a ilusão de que a culinária é uma arte.
Segundo o autor, culinària é um ofício.
Vale a leitura, pelo menos para ter um outro ponto de vista e entender a polêmica.
De minha parte, quando um Chef começa a fazer muito “show” e agir como uma estrela de Holywood perco a curiosidade. A banalidade me cansa.
Juliana T. Grazini dos Santos - Paris, 06 de abril de 2018.