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2020

O comer de Natal na Espanha – Parte 1

Comida natalina emocional e esperanças de tradições seguras. Espanhóis mantêm alto consumo de alimentos festivos e bebidas.

Tradicionalmente, sobretudo dentro dessas datas, a comida tem uma função emocional e comensal, tornando-se um ato comunicativo.

É verdade que o Natal deste ano gera mais preocupações do que ilusões.

Também é verdade que a sociedade olhou para as férias de Natal com esperança de que pudessem ser minimamente semelhantes às do passado.

Em vez de cantos e canções de natal, abraços e contínuos brindes, comemorações de amigos, negócios e familiares, faremos algo com máscaras e com a tal distância de segurança.

“Não estou dizendo que não podemos aproveitá-las, mas temos que nos preparar e ver como podemos lidar com isso. Não será como no ano passado ”, avisou o ministro da Saúde da Espanha.

Este tipo de eventos e reuniões com crianças, avós, etc., é o lugar onde o risco de transmissão do vírus está mais presente.

Não existe segurança total e existem riscos residuais mesmo com quarentenas anteriores ou testes anteriores.

Porém, podemos evitar um Natal triste, com imaginação e criatividade.

O MENU ESPANHOL INVARIÁVEL

Mas como foram e podem ser os cardápios de Natal que, segundo os dados recolhidos, não mudaram nos últimos anos.

A demanda por alimentos e bebidas em dezembro está intimamente relacionada às festas de Natal.

Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha, as famílias espanholas consomem um conjunto de alimentos bem acima da média mensal para o resto do ano.

A sazonalidade aumenta o consumo de alguns produtos. Ressalta-se que, tendo como referência o consumo do mês de agosto, em dezembro são demandados quase seis vezes mais espumantes e sidras, mais que o dobro de crustáceos, moluscos, ovinos e caprinos, licores e destilados, em quantidades notavelmente elevadas.

Na visão anual do consumo e das despesas com alimentos e bebidas, o aumento sibistancial e evidente acontece na época natalina. Seguindo como referência o consumo per capita de 2019, destacam-se 4,9 quilos de carne bovina, 11,6 quilos de carne processada; 6,1 quilos de crustáceos, moluscos; e 4,4 litros de vinho com denominação de origem, nesta época. Relativamente ao custo por consumidor, 46,9 euros são representativos na carne bovina; 100,8 euros para as carnes processadas e 53,2 euros para os mariscos, moluscos e crustáceos.

Destacamos também a procura de doces de Natal (mantecados, polvorones, maçapão, nogado …) que, quase exclusivamente, são produzidos dentro desta época do ano.

Durante os últimos cinco anos, o consumo per capita de produtos de Natal manteve-se bastante estável (diminuição mínima de 0,03 quilos por pessoa), enquanto a despesa aumentou ligeiramente (10 centavos de euro per capita).

HÁBITOS DE CONSUMO

Porém, em termos per capita, o consumo de produtos natalinos possui peculiaridades distintas em relação ao consumo médio.

Nota-se que :

  • As famílias de classe média alta e alta têm o maior consumo (20,3%); enquanto os domicílios de classe baixa apresentam o menor consumo (-8,9%).
  • Os domicílios com crianças de 6 a 15 anos, consomem mais produtos de Natal (12,7%), enquanto os menores consumos são registrados nos domicílios com crianças com menos de 6 anos (-56,8%).
  • Se o comprador não trabalhar, o consumo de produtos de Natal é maior (34,2%).
  • Dentro de domicílios onde a pessoa com mais de 65 anos fazem compras, o consumo de produtos de Natal é maior (85,7%), enquanto a menor demanda está associada aos domicílios onde a compra é feita por quem possui menos de 35 anos (-57,4%).
  • Os agregados familiares constituídos por uma só pessoa apresentam o maior consumo de produtos de Natal (85,7%), enquanto as taxas vão diminuindo à medida que aumenta o tamanho do núcleo familiar.
  • Os consumidores residentes em grandes centros urbanos (com mais de 500.000 habitantes) têm o maior consumo per capita de produtos de Natal (13,8%), enquanto o menor consumo ocorre em centros populacionais de 2.000 a 10.000 habitantes (- 8,1%).
  • Por tipo de agregado familiar, observam-se desvios positivos no que diz respeito ao consumo médio no caso de aposentados (106,0%), adultos independentes (72,5%) e casais sem filhos (60,8%) enquanto consumo. As taxas mais baixas ocorrem com casais com filhos pequenos (-56,9%), casais jovens sem filhos (-37,8%), famílias monoparentais (-18,5%), casais com filhos mais velhos ( -9,9%), e no caso de jovens independentes (-16,3%).
  • Por último, as Comunidades Autônomas, as Astúrias, o País Basco e a Catalunha apresentam as taxas de consumo mais elevadas, enquanto, pelo contrário, as menores taxas se verificam em Castela La Mancha, Aragón e Extremadura.

Alberto Berga Monge – Madrid, 22 de dezembro de 2020.

O Prof. Dr. Alberto Berga Monge, é médico veterinário espanhol, professor e colaborador Verakis, professor colaborador da Universidade de Zaragoza, auditor da União Europeia e diretor da AMB Consulting, e escreve para o blog da Verakis.

Imagem: kissu