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2021

Mundo RNA mensageiro

Informação genética transformada em proteína pelo RNA impacta vacinas mRNA, com eficácia de 95% em ensaios clínicos, prometendo avanço terapêutico.

Como se sabe, a informação genética é codificada no DNA do núcleo da célula, na forma de uma sequência de nucleotídeos. No núcleo, o DNA transfere essa informação para o RNA em um processo denominado transcrição: a sequência de DNA é copiada como RNA.

O RNA sai do núcleo da célula e encontra os ribossomos que traduzem a informação codificada e acaba formando uma proteína, no caso a proteína S, a glicoproteína do envelope do vírus que se liga ao receptor celular que desenvolve a doença e neste caso atua como um agente estimulador da imunização.

Num ensaio clínico que incluiu cerca de 44.000 voluntários com mais de 16 anos de idade, – dos quais metade recebeu a vacina e a outra metade o placebo -, 36.523 voluntários não tinham sinais anteriores de infecção. Após alguns meses, 170 desenvolveram sintomas de Covid-19: 8 das 18.198 pessoas que receberam a vacina, e 162 das 18.325 que receberam a injeção de placebo. Isso significa que a vacina foi 95% eficaz no ensaio clínico. Essa alta eficácia já é espetacular para uma vacina, mas no caso dessa tecnologia de mRNA talvez fosse menos esperada, por isso foi uma notícia tão importante e há tanta esperança nesse tipo de vacina.

Se a segurança e eficácia em longo prazo forem confirmadas nos próximos meses, é possível garantir uma revolução na biomedicina com base na biologia molecular. Essa capacidade das células de produzir proteínas para as quais seu DNA não possui genes é, por si só, suficiente para abrir espaços para um novo território terapêutico.

A P&D&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) de medicamentos investirão cada vez mais na investigação da sequência de proteínas, ou seja, os processos que controlam sua produção e agregam proteínas novas e úteis e eliminam as antigas e nocivas. O remédio será a mensagem.

Além de doenças infecciosas, câncer, regeneração de tecido cardíaco, atrofia muscular espinhal na infância, amiloidose hereditária, infecção por citomegalovírus ou as chamadas “doenças raras” poderão ser tratadas com esta tecnologia.

O silenciamento de genes guiados pelo pequeno RNA interferente (siRNA) está na base de cerca de vinte ensaios clínicos como hemofilia, hepatite B ou fibrose cística.

As empresas farmacêuticas consolidadas entraram neste campo, têm retomado seus planos, seus investimentos e valorização do mercado de ações, com a terapia gênica como um firme aliado.

As duas empresas que hoje fornecem vacinas de RNAm já tinham outras vacinas em desenvolvimento antes do surgimento da Covid-19, e foi possível redirecioná-las assim que a sequência de seu gene espícula foi publicada.

Sempre há esperança!

Alberto Berga Monge – Madrid, 05 de maio de 2021.

O Prof. Dr. Alberto Berga Monge é médico veterinário espanhol, professor e colaborador Verakis, professor colaborador da Universidade de Zaragoza, auditor da União Europeia e diretor da AMB Consulting, e escreve para o blog da Verakis.

Imagem: analogicus