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2024

E quem mata o animal que você come?

O livro "Steak Machine" de Geoffrey Le Guilcher, jornalista francês, incomoda e nos faz pensar além dos maus tratos dos animais.

Existem os livros que nos atormenta, nos incomoda, nos mostra que fazemos parte de um modo de vida sem questionarmos além daquilo que nos circunda.

O livro "Steak Machine" de Geoffrey Le Guilcher, jornalista francês, é destes livros.

O jornalista, com uma identidade falsa, trabalhou 40 dias num abatedouro e por meio de uma narrativa na primeira pessoa conta esta experiência e acaba denunciando um sistema de produção de alimentos que causa danos físicos e psicológicos nos funcionários sobre os quais nunca paramos para pensar.

Quando se "milita" contra ou em favor do consumo de carne fala-se sobretudo da violência e das maneiras sádicas com que se trata os animais sacrificados. E quando se fala da produção de alimentos raramente, e eu até ousaria dizer nunca, se fala das condições de trabalho daqueles que passam horas, dias, meses, anos e mesmo uma vida exercendo atividades das mais variadas possíveis para nos deleitarmos em torno de uma mesa com amigos, saciar a fome dos nossos filhos, exibir nossos talentos culinários, tomar um café na padoca...

Muito bem escrito, um texto sensível e delicado, que me incomodou e me fez enxergar que as discussões sobre a produção e o consumo de alimentos deve  ir além da composição  química, do valor nutritivo, dos aspectos sanitários, dos compromissos ecológicos...precisamos repensar na produção excessiva de alimentos que além de incitar o desperdício e extenuar nossos recursos naturais, escraviza à moda contemporânea (escravidão assalariada) uma parte da humanidade.

Ainda acredito que matar para comer faz parte da nossa cadeia alimentar, sei que a proteína de origem animal tem um valor biológico superior, que o ferro que se encontra nas carnes é mais biodisponivel...mas será  que precisamos matar tanto para comer poucas partes de um animal, ter tanto batom (batom é feito com gordura animal), usar tanto sabão  e por ai afora? 

Recomendo a tradução para o português !

Juliana Grazini dos Santos - Paris, 03 d abril de 2018.