Muitos dos avanços feitos durante a pandemia persistirão na era da medicina. Assim, os avanços introduzidos para um diagnóstico rápido e confiável podem ser úteis para o diagnóstico de outras infecções no futuro, sem a necessidade de ida ao hospital: influenza em pediatria, encefalite, sepse, doenças sexualmente transmissíveis.
Sem a Covid-19, esses avanços teriam ocorrido, mas a pandemia acelerou o processo de melhoria do diagnóstico.
Será comum vermos mais máscaras nos postos de saúde e no transporte público, e quem as usar não ficará mal, deixará de ser uma raridade em nossa cultura.
Mas o maior de todos os sucessos foram as vacinas. Ninguém pensava há um ano que seria possível ter uma vacina eficaz e segura, e já existem cinco aprovadas pela União Europeia. Ter tido sucesso é um feito na história da medicina.
A tecnologia do RNA mensageiro torna possível criar vacinas diretamente do genoma de um patógeno, sem a necessidade do patógeno completo. Isso está dando origem a uma nova visão no desenvolvimento de vacinas contra o HIV, Zika, vírus da gripe ou novos coronavírus.
A tecnologia também pode ser aplicada ao desenvolvimento de vacinas personalizadas para o tratamento do câncer.
Olhando para o futuro, surge o desafio de compreender e tratar a Covid persistente, que parece se tornar um grande problema de saúde pública. As prioridades, nas quais só os EUA vão investir US $ 1,15 bilhão, serão entender a causa, qual proporção de pacientes sofrem, qual é o espectro dos sintomas, quanto tempo duram, quais são os fatores de risco e como prevenir e tratar as sequelas.
A pandemia estimulou iniciativas de vigilância genômica que ajudarão a controlar os patógenos emergentes. O Reino Unido, líder mundial nesta área, agora sequencia 30.000 genomas por semana, 30 vezes mais do que antes da pandemia. Em todo o mundo, fortalecemos a capacidade de sequenciamento com uma visão de futuro de que será útil além da Covid.
Os sinais de alarme, recorrentes nas últimas décadas, foram inequívocos mas passaram despercebidos, trabalhar para que o próximo não nos apanhe despreparados é uma obrigação.
Tem havido uma genuína cooperação internacional da ciência contra o vírus, esta rede global de ciência permitiu em tempo recorde alcançar melhorias na prevenção, diagnóstico, tratamento, controle epidemiológico e a joia da coroa: a vacina.
Alberto Berga Monge – Madrid, 07 de abril de 2021.
O Prof. Dr. Alberto Berga Monge é médico veterinário espanhol, professor e colaborador Verakis, professor colaborador da Universidade de Zaragoza, auditor da União Europeia e diretor da AMB Consulting, e escreve para o blog da Verakis.
Imagem : qimono
