Foi analisando um público de idosos em São Paulo que Marília Duque pôde perceber o impacto da tecnologia em diferentes dimensões das vidas dessas pessoas, e como elas lidam com uma realidade contemporânea em constante mudança.
Marília Duque apresentou os principais pontos do seu livro “Envelhecer com smartphones no Brasil urbano”, no “Papo à mesa” Verakis.
Se percebe na megametrópole de São Paulo que o perfil do cidadão é aquele que tem o trabalho como central na sua vida. O importante é se manter ativo da forma que for. E é nesse sentido que os idosos em questão encontram na tecnologia uma forma de se manterem engajados e ativos, buscando por meio dela a sociabilidade, redes de solidariedade e acesso a informações úteis.
Porém, ainda temos uma questão: na busca pelas informações online, em especial referentes à saúde, os idosos acabam procurando aconselhamento de amigos da área da saúde, dicas em grupos de Whatsapp, e até médicos no YouTube. Apesar da infinidade de informações que a internet oferece, não é simples filtrar aquilo que é de melhor qualidade.
E com relação à alimentação não é diferente. Nos mesmos meios digitais, os participantes buscavam se informar sobre o que é comer certo, encontrando termos como dieta lowcarb, alimentação natural e jejum intermitente.
Um comentário de uma participante traz como fontes um conhecido que é veterinário halterofilista (que segundo a participante “entende tudo de nutrição”) um documentário da Netflix sobre dieta lowcarb, e um médico do Youtube. Ainda que preocupe a dificuldade de filtrar a informação, é muito bom ver o empenho em buscar para si a saúde e o bem estar com as ferramentas que são os smartphones.
Por falar em ferramentas, uma muito interessante que a pesquisa proporcionou foi diário alimentar por mensagens.
“Me refiro ao controle daquilo que se come por fotos, que os participantes idosos fizeram e enviaram via Whatsapp. Comparado a um recordatório de 24h, pelo qual os participantes descreviam por memória aquilo que haviam comido no dia anterior, o diário por Whatsapp se mostrou mais benéfico.”
Com o diário, os idosos participantes se tornaram mais conscientes sobre o que comiam, focando no preparo da comida e das porções, promovendo mudanças de hábitos” comentou Marília no “Papo à Mesa”.
Os smartphones, no contexto do Brasil urbano, se fazem presentes de diferentes formas na vida da população de idosos, sejam positivas ou negativas, impactando seu entendimento sobre saúde e alimentação.
Marília trouxe outros interessantes relatos a respeito dos impactos desses modernos aparelhos no “Papo à mesa” , que você pode conferir na íntegra pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=B0w5vvZ5MHs&t=524s
Texto: Lauren Yurgel, estagiária Verakis, graduanda em nutrição da UFRGS.