10
.
06
.
2022

Café: a era da sobriedade

Século XVII revela avanços científicos e introdução do café na Europa, impulsionando a razão e a revolução científica.

No início do século XVII os astrônomos e anatomistas descobriram mundos antes invisíveis e os pensadores europeus desafiaram as antigas certezas da filosofia grega. A observação direta e a experimentação eram preteridas a fé cega e tudo poderia ser contestado.

Nesse período a autoridade da igreja católica foi reduzida e, então, iniciou-se uma verdadeira revolução científica. Ao longo de 2 séculos conseguintes, o espírito investigativo e racional tornou-se tendência do pensamento ocidental.

O novo modo de pensar se espalhou pela Europa junto com uma nova bebida, o café, o qual era preferência entre os cientistas intelectuais e burocratas.

O café mantinha as pessoas sóbrias e vigilantes durante toda jornada de trabalho e ajudou a regularizar o dia para este fim. Era servido em estabelecimentos calmos e respeitosos que promovia a conversação polida e a discussão.

Durante o século XVII, a cerveja e o vinho eram consumidos na Europa, mesmo na primeira refeição do dia, por serem mais seguros que a água. Então, o café feito com água fervida surgiu como alternativa segura e antagônica às bebidas alcoólicas.

O café era um motivador do pensamento claro, demonstrando ser uma bebida adequada à Idade da Razão.

O vinho do Islã, como era conhecido o café pelos árabes, era utilizado para afastar o sono durante as cerimônias religiosas noturnas.

Aos poucos essa bebida foi se tornando social e vendida em xícaras nas ruas, praça do mercado e depois em cafés públicos. Estes últimos eram considerados lugares onde pessoas respeitáveis poderiam ser vistas ao contrário das tabernas que vendiam bebidas alcoólicas. Visitantes europeus comentam sobre a popularidade dos cafés públicos no mundo árabe, no século XVII, e seu papel como locais de reuniões e fontes de notícias.

O comércio dos grãos de café era monopolizado pela Arábia Saudita, até que os holandeses roubaram pedaços de cafeeiros árabes e cultivaram com sucesso em estufas. Nesse período, os holandeses haviam tomado dos portugueses o comércio de especiarias das Índias.

Tão logo os cafés públicos também se tornaram populares na Europa e difundiram-se pelo ocidente. Os cafés públicos europeus foram espaços de debates que resultaram na revolução científica e financeira que moldaram o mundo moderno.

Essa é a quinta parte da apresentação feita por Milene Gomes, sobre o livro “História do Mundo em 6 copos”, do autor Tom Standage, no “Papo à Mesa” da Verakis.

O livro foi apresentado pela Profa. Dra. Milene Gomes (Coordenadora do Curso de Engenharia de Alimentos da Unversidade do Agreste de Pernambuco – UFAPE) no Papo à Mesa da Verakis, no dia 21/05/2022.

Revisão: Ana Caroline
Edição: Juliana Grazini dos Santos

Imagem: Iryna Kuznetsova