“A violência alimentar é caracterizada pela força intencional ou não que impeça uma pessoa de acessar ao seu direito à alimentação, o que dá origem a dano físico ou moral. » (Benedicte Bonzi)
Esta definição de violência alimentar e sua ancorar na justiça seria a forma de observar de onde vêm as responsabilidades, a quem pertencem para sanar tais situações.
A insegurança alimentar está na origem daquilo que Bénédicte Bonzi, doutora em antropologia e responsável pelo projeto Agricultura e Alimentação da consultora de transição Auxilia, define como “violência alimentar”.
“Depois de vários anos no terreno a actuar na ajuda alimentar, notamos uma certa tensão entre as pessoas que a ela recorrem. Certa vez, vi um jovem pronto para bater em outro destinatário que roubou uma bomba de chocolate que acabara de receber. São cenas que acontecem, não com frequência, mas acontecem… Como esse jovem pôde chegar a isso? O que a gente percebe no campo, e o que minha pesquisa me levou a concluir, é que essa violência comportamental é resultado da violência que essa pessoa vive no dia a dia. Para este jovem, como para tantas pessoas que vivem em situação de insegurança alimentar, isto advém de uma situação estrutural ligada ao nosso sistema alimentar defeituoso. É a obrigação de sobreviver em um país onde o direito à alimentação, teoricamente garantido, não é aplicado. »
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“A violência física é bastante conhecida e decorre da desnutrição ou desnutrição: obesidade, hipertensão, anemia… regularmente, a frustração de não ter o que comer… Essa violência moral é insidiosa, porque faz parte plenamente do seu cotidiano, e se intensifica a cada dia. É muito difícil para essas pessoas, mas não só: os voluntários da ajuda alimentar também estão na linha de frente para vivenciar essas tensões, para absorvê-las. Isso lhes confere um enorme papel social, que vai muito além da doação de alimentos. »
A reflexão e a discussão sobre a precariedade alimentar e a segurança alimentar devem ir além da oferta de alimentos.
Fontes: https://www.theses.fr/2019EHES0075
Précarité et violences alimentaires : des réalités à combattre
Imagem: MOHANN
