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2022

Cerveja: do estilo nômade ao sedentarismo

Descubra a origem e importância da cerveja na Mesopotâmia e antigas civilizações no "Papo à Mesa da Verakis".

No período pré-histórico os seres humanos que começaram a emigrar da África, viajavam em pequenos bandos com nômades e se abrigavam em cavernas, caçavam, pescavam e colhiam plantas comestíveis.

Há cerca de 150 mil anos a água era a bebida básica da humanidade. Há cerca de 12 mil anos uma transformação aconteceu com o abandono do estilo de vida caçador e coletor com o surgimento da agricultura.

Assim foram estabelecidas aldeias, além do desenvolvimento de veículos com roda, a cerâmica e a escrita. Com esse novo estilo de vida mais sedentário, os homens acessam uma nova bebida obtida de cevada e trigo, cereais obtidos das primeiras plantas cultivadas intencionalmente.

Essa bebida tornou-se a principal bebida das primeiras civilizações.

Próximo de 4000 a.C., a cerveja sendo tomada por duas pessoas em um jarro de cerâmica com canudos de junco, é ilustrada em um pictograma da Mesopotâmia, região que atualmente corresponde ao Iraque. O canudo era necessário, pois a cerveja antiga tinha grãos, palha e outros fragmentos. É evidente que a origem da cerveja está diretamente associada com a domesticação dos cereais e domínio da agricultura. Sua criação foi algo completamente acidental.

Em uma região conhecida como crescente fértil que se estendia desde o Egito até a fronteira entre o Iraque e Irã, nas terras altas, o ambiente era perfeito para animais e plantas selvagens como o trigo e a cevada.

Os grãos dessas plantas eram pouco interessantes para o consumo quando estavam crus, porém tornavam-se comestíveis se esmagados junto com água para formar uma sopa. Posteriormente eram adicionadas pedras aquecidas pelo fogo à sopa, a qual se tornava um mingau.Passados alguns dias, o mingau tornava-se ligeiramente efervescente e embriagante, ou seja, virava cerveja.

Antes dessa descoberta, o homem já consumia suco de frutas fermentado ou hidromel a partir da mistura do mel selvagem com água. No entanto, as frutas eram sazonais e o mel estava disponível em pequenas quantidades.

Por outro lado, a cerveja poderia ser feita em qualquer tempo a partir dos cereais estocados. Na mesma época, foi observado que a mistura de cevada com água tornava o grão adocicado, hoje sabemos que isso ocorre devido a ação enzimática que transforma amido em malte.

Desde os primórdios, a cerveja tinha importância para as primeiras civilizações capazes de ler e escrever, os sumérios da Mesopotâmia e os antigos egípcios.

Na época, as pessoas partilhavam a bebida no mesmo recipiente como símbolo de hospitalidade e amizade.

Embora, em tempos atuais, não seja comum esse ritual de compartilhar a bebida no mesmo recipiente, o tinir dos copos simbolicamente reúne as pessoas em um único recipiente de bebida.

Além disso, o hábito de levantar um copo para desejar boa saúde a alguém, para celebrar a vida ou conquista vem da ideia antiga de que o álcool pode invocar forças sobrenaturais. O consumo de cerveja pelos mesopotâmicos era encarado como algo que os tornava humanos civilizados e os distinguia dos selvagens. Tanto os mesopotâmicos quanto os egípcios tinham a cerveja como uma bebida antiga e divina que dava base a sua identidade cultural, religiosa e social.

Vale salientar que o lúpulo foi introduzido como ingrediente cervejeiro somente no período medieval.

Essa é a segunda parte da apresentação feita por Milene Gomes, sobre o livro “História do Mundo em 6 copos”, do autor Tom Standage no “Papo à Mesa” da Verakis.

O livro foi apresentado pela Profa. Dra. Milene Gomes (Coordenadora do Curso de Engenharia de Alimentos da Unversidade do Agreste de Pernambuco – UFAPE) no Papo à Mesa da Verakis, no dia 21/05/2022.

Revisão: Ana Caroline
Edição: Juliana Grazini dos Santos

Imagem: Iryna Kuznetsova