Quando falamos de alimento pelas lentes das religiões de matriz africana, é importante
destacar que essas religiões são matriarcais. No terreiro, todos os elementos são
sagrados, bem como o alimento. E esse alimento, conforme Maria Rita de Oliveira, é um elemento de relicário, um alimento da comunidade.
Maria Rita de Oliveira – mestre em Ciências Sociais pela UFRN e integrante do Grupo de Articulação de Matriz Africana e Ameríndia (GAMA-RN) foi a convidada do “Papo à Mesa” Verakis de outubro, para uma rica conversa sobre a alimentação e espiritualidade no Candomblé.
Nas suas palavras: “A ação coletiva do alimento é muito mais do que o simples ato de comer”.
Ou ao menos deveria ser!
Maria Rita traz também que hoje no Brasil vemos a grande preocupação de matar a fome, e não nutrir. Não é novidade que o Brasil está outra vez no mapa da fome, com insegurança alimentar cada vez pior. Basta perceber que aqueles que vivem em vulnerabilidade social comem o que podem, não o que precisam.
Afinal de contas, como Maria Rita destaca, a fome é a mais antiga forma
de opressão.
Mas que papel têm as religiões de matriz africana nesse contexto?
Pois saibam que a GAMA-RN distribuiu durante a pandemia 22 toneladas de alimentos.
E não só, àqueles que fazem parte dessas religiões, é importante receber visitas com
mesa farta, pois sinaliza que você se dispõe a compartilhar aquilo que é mais sagrado.
E assim, se rompe o ciclo da opressão.
A visão das religiões de matriz africana traz conhecimentos construídos com tempo e
dedicação. Mais do que um conjunto de rituais, as religiões em questão carregam
consigo a missão de ajudar o outro, construindo redes de mutualismo e doação de si. E
unidos pela religiosidade, combatem a insegurança alimentar.
Para ver a conversa completa, acesse o link do vídeo do Papo à mesa sobre
“Alimentação e espiritualidade no candomblé” : https://www.youtube.com/watch?v=2AC_TmFACws
Texto: Lauren Yurgel, estagiária Verakis, graduanda em nutrição da UFRGS.