Assim como a previdência social, que fundou o direito ao cuidado em 1945 na França, imagina-se um Seguro Social Alimentar aos mais precarizados.
Esse Seguro Social Alimentar poderia assumir a forma de um vale-alimentação de 150 euros por mês, dando acesso a produtos orgânicos, frescos e locais.
Com um custo estimado de 120 bilhões de euros que paralisa a tomada de decisão política, esse seguro alimentar beneficiaria consumidores, produtores e meio ambiente.
Apesar de morosa tomada de deciséao a recepção de medida é favorável por causa da severa realidade socioeconômica de muitas famílias francesas.
A insegurança alimentar vem aumentando constantemente há quinze anos e piorou ainda mais com a epidemia de Covid-19. O número de beneficiários de ajuda alimentar aumentou de 2,6 milhões em 2009 para quase 7 milhões em 2021.
Um número faraônico que tem sido gerido da melhor forma possível pelo setor voluntário e autoridades locais, sem qualquer direito alimentar está sendo debatido atualmente no hemiciclo.
Paralelamente a esta alarmante insegurança alimentar, existe também o sofrimento psicológico e econômico dos agricultores. Uma política alimentar e agrícola coerente que veja os produtores mais como médicos do que como agricultores parece, portanto, urgente.
A ideia é conceder um orçamento de 150€ por pessoa por mês, sem condição de rendimento para não estigmatizar os mais precários.
Uma escolha igualitária que pode surpreender, pois as desigualdades econômicas exigem medidas de equidade social. De qualquer forma, o valor de 150 € é anunciado como uma base que pode ser ponderada, de acordo com o local de vida, por exemplo.
A gestão dos fundos e as políticas agrícolas associadas seriam descentralizadas e colocadas sob a égide de fundos locais geridos democraticamente por funcionários eleitos, mas também agricultores e consumidores formados em questões agrícolas e ambientais.
Esse localismo administrativo permitiria uma melhor negociação com os agricultores, que seriam convidados a levantar suas especificações para entrar nesse novo tipo de mercado.
O objetivo também seria ter controle sobre os produtos aprovados (exigências orgânicas, locais, sazonais), mas também estabelecer contratos com produtores e distribuidores para garantir um preço de custo e um status real para os agricultores.
Se o orçamento parece considerável, seus defensores fazem questão de relembrar os pontos fortes da iniciativa: este último promoveria a horticultura orgânica e local, protegeria o solo e as condições de vida dos agricultores, evitando o impasse de uma dieta reservada às classes sociais mais abastadas.
A questão da acessibilidade é central na medida em que as categorias mais precárias atualmente não dispõem de meios para se alimentar adequadamente, e muitas vezes são as mais esquecidas na transição ecológica.
A questão também é a saúde, o consumo de alimentos industrializados, muito gordurosos ou muito doces tem repercussões físicas e psicológicas amplamente documentadas. Um cartão de alimentação vital reduziria essa tendência prejudicial e ofereceria dignidade às pessoas desfavorecidas.
Fonte : https://www.thegood.fr/securite-sociale-alimentaire-apres-la-sante-et-si-cetait-au-tour-de-lalimentation-de-saffranchir-du-marche/Imagem: Africa Studio