O enorme fluxo e velocidade de informações e mensagens sobre alimentos e alimentação que são criadas e veiculadas pelos diversos meios de comunicação, bem como a capacidade de cada indivíduo ser fonte e / ou receptáculo autônomo, é uma característica da sociedade atual, que tende a incentivar à “desinformação”. É também um dos motivos da cacofonia informativa à que o público em geral está constantemente sujeito.
A criação e divulgação destas informações e mensagens são motivadas por lógicas e técnicas comerciais (não somente dos comercializam alimentos, mas também dos que produrem e comercializam informação) que determinam, mais ou menos, o consumo “inconsciente” e a falta de consciência crítica do público em geral (consumidor, paciente, aluno, pai, filho, etc. ).
Também entre os especialistas a cacofonia de informações sobre alimentos e alimentação é um fato. Muitos atores da saúde pública e privada emitem opiniões sobre o assunto. Cada um defende sua “visão”. As informações às vezes são antagônicas e / ou inconsistentes, mas todos pensam (ou afirmam) fazer o bem da população ou dos indivíduos.
A “moda” atual (às vezes indo para a “loucura / fobia”) é “comer bem, comer bem, comer balanceado, comer responsável, comer saudável, comer para não engordar, comer para nao ficar doente…”. A comida de outrora, um ato de prazer e convivência, está se tornando algo que deve ser controlado e deve ser analisado e contabilizado.
Em alguns casos não se come mais alimentos, mas sim calorias, carbohidratos, gorduras, proteínas, vitaminas e minerais! O prato faz alguns se sentirem culpados, o prato dos outros nos chama atenção, temos medo de certos alimentos, temos medo de fazer mal ao meio ambiente, por vezes nos orgulhamos por néao consumir certos alimentos…
Devemos comer, mas o que de fato? E como ? A fruta é cara, os pratos equilibrados exigem algum preparo, “não temos tempo para cozinhar”, uns dizem que faz mal, outros dizem que não …
O público leigo é constantemente apresentado às fórmulas milagrosas (regimes e alimentos). Em quem acreditar? Médico, nutricionista, nutricionista, estatal, farmacêutico, revistas e jornais …
Devemos ler todoas as embalagens? E as frutas que não têm embalagem? A indústria está nos vendendo veneno? Podemos confiar nos alimentos oferecidos por esses “vilões” industriais? Como encontrar a medida certa? Como se alimentar de forma saudável, sem se preocupar, se divertindo, tendo uma boa refeição e tendo boa saúde? Na verdade, o que é esta famosa boa saúde? Abrir uma pequena “lata” ou pacote, é um risco real de se tornar obeso ou doente? Alimentos nos dão poder, força e coragem? Curam? É ruim ter uma barriguinha, como sugere o sutil jogo de interesses do mercado da obesidade?
As pessoas de boa fé devem estar cada mais perdidas! Às vezes podem até se sentir grandes conhecedores do assunto e dois dias depois, a conta do “Instagram” preferida se contradiz e eles acreditam sem hesitar, sem se questionar ou quase! Eles recebem conselhos constantemente, e acham sabem em quem confiar, ou acreditam que quanto mais seguidor tem um “canal” mais ele é confiavel ?
Com as redes sociais as informações estão cada vez mais superficiais, mais rasas e não incentivam a reflexão. O que favoriza bastante a crença cega na primeira informação que aparece, ou a do vizinho, do amigo, do profissional, da conta “Instagram, ou do contato no Whatsapp…
Que quebra-cabeças!
Coma no meio disso tudo!
Um ato instintivo e natural tornou-se um problema e todos querem falar ao mesmo tempo, e por pura ingenuidade vão corroborando para que o consumidor final se torne cada vez mais perdido, submisso às péssimas informações e refém do mercado.
Pensar e refletir sobre o que, quando, como e onde transmitimos informações sobre alimentos e alimentação é cada vez mais importante se quisermos fazer o bem para o consumidor, para o leigo, para os crédulos, para os inocentes…