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2022

Produzir, conservar e distribuir alimentos: de olho em Grenoble.

A região francesa de Ródano-Alpes se destaca na produção artesanal de alimentos de longa validade, em meio à transição ecológica e a crescente gastronomia local.

Localizado entre o gastronômico e o industrial, os produtos artesanais de validade longa ganham força na região francesa do Ródano-Alpes e refletem a apropriação da tecnologia de alimentos por uma população cada vez mais engajada na transição ecológica.

Eleita capital verde 2022, Grenoble é situada entre os maciços do Vercors, Chartreuse e Belledonne e abarca uma alta densidade populacional.

Além de ser um importante polo tecnológico, a cidade dá nome a uma das maiores universidades do país e explora largamente sua vocação para a prática de esportes de inverno.

Em tempos de mudança climática, os verões são cada vez mais quentes e os invernos cada vez com menos neve. Diante disso Grenoble reage, a população se organiza, movimentos fervilham por todos os lados buscando antecipar os problemas e criar soluções.

É nesse contexto que se difunde a transformação da culinária local em comida de qualidade com prazos de validade de um, dois e até três anos.

A consciência de que é preciso saber como conservar e estocar a comida produzida nos períodos de abundância, faz parte da cultura em regiões habituadas a invernos rigorosos.

Em um bom exemplo da fusão inteligente entre inovação e tradição, os pequenos e médios produtores de alimentos se organizam em cooperativas que fornecem uma variedade crescente de opções à população local.

Desde alimentos como legumes, verduras, carnes, queijos e pães, até processados de validade mais longa como compotas, conservas, sopas, purês. É possível encontrar até mesmo refeições mais elaboradas e prontas para consumo, como cassoulets, que são uma espécie de “feijoada” de feijão branco com carne de pato.

Entretanto, há desvantagens que persistem e ainda precisam ser contornadas. Esses alimentos têm um custo mais alto que aqueles produzidos em larga escala, o que dificulta o acesso à grande parte da população.

Além disso, o peso das embalagens de vidro utilizadas também é um fator que não pode ser negligenciado durante o transporte e a distribuição.

Dito isso, podemos imaginar que a popularização das ciências e da tecnologia de alimentos e a apropriação destes conhecimentos pelos cidadãos de diversas regiões do mundo, se mostrará fundamental na resolução de problemas em um futuro próximo.

E os desafios continuam, mãos à obra.

Carolina Netto Rangel – França, 03 de março de 2022.

A Profa. Dra. Carolina Netto Rangel, criadora do projeto “Alimentação e Saúde 360 graus” e colunista do blog da Verakis. Ela se aventura nas artes sob o pseudônimo de Nina Netto.