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2023

Votar com os garfos

Movimento crítico ao sistema agroalimentar promove boicote e "voto com o garfo" destacando consumo ético e orgânico.

No quadro de um conjunto de aspectos e problemas relacionados aos alimentos e à alimentação, e da falta de resposta das instituições e do setor, começou a surgir um movimento que manifesta uma atitude crítica face ao sistema agroalimentar e uma resposta através do boicote de consumo, que tem sido chamado de "voto com o garfo".

O processo já começou com desconfiança em relação à área de percepção de risco, há mais de vinte anos, com a crise da vaca louca, que revelou à sociedade o mau funcionamento do sistema alimentar.

Nesse momento, revela-se também a ruptura entre os produtores agrícolas e o produto alimentício, há um processo de estranhamento dos atributos culturais, não se sabe o que se come e a resposta foi o início da regulamentação da rotulagem como elemento de superação desconfiança e distanciamento do consumidor com os alimentos.

Um problema surge com a transformação da publicidade, que é acusada de ser a razão do aumento da obesidade com o surgimento de artigos científicos que relacionam obesidade e publicidade de alimentos.

Surge, neste processo evolutivo, o descontentamento quanto ao impacto da produção agroalimentar no ambiente, bem como no bem-estar animal.

Diante de tudo isso, populariza-se a mudança do consumo para produtos orgânicos ou de produção integrada, mas sobretudo há respostas ativas de consumo, é evidente o que se tem chamado de consumo político.

As práticas de boicote e compra de alimentos de algumas empresas são o que se chama de “votar com o garfo”.

Por trás dele, as motivações políticas, éticas ou ambientais socialmente conscientes. Isso justifica o crescimento do consumo de produtos de comércio justo, orgânicos ou locais (os chamados locavore).

Proliferaram os movimentos veganos, crudívoros, de comida de verdade e do climatério, que promovem uma mudança de comportamento individual como forma de transformação social coletiva.

Da mesma forma, foram desenvolvidas ações que buscam definir a agenda dos poderes públicos por meio da conscientização e mobilização de cidadãos e instituições. Um discurso que promove um sistema alimentar socialmente justo e ambientalmente sustentável, fundamenta uma crítica ao sistema convencional de produção e busca minimizar os impactos ambientais.

Surge o conceito de cidadania alimentar, que se baseia no reconhecimento pelos agentes sociais dos direitos e obrigações em relação à alimentação, e na participação na redução das desigualdades inerentes ao sistema alimentar global e na promoção de alimentos sustentáveis, saudáveis ​​e justos sistemas alimentares, irão agir de forma diferente, mas para esse fim.