Um campo epistêmico é uma área do conhecimento estruturada por um determinado conhecimento, que é inseparavelmente formado pela articulação de um projeto cognitivo (conceitos, hipóteses, representações estruturadas) e um conjunto de práticas.
A epistemologia (do grego antigo ἐπιστήμη / “epistémê”) é uma corrente filosófica que pode designar dois campos de estudo:
- o estudo crítico da ciência e do conhecimento científico (ou trabalho científico);
- o estudo do conhecimento em geral .
Aqui penso na epistemologia como estudo da ciência e das atividades científicas.
Para alguns autores a epistemologia é até sinônimo de “teoria do conhecimento”.
“A lógica epistêmica é uma lógica modal que torna possível raciocinar sobre o conhecimento de um ou mais agentes. Também torna possível raciocinar sobre o conhecimento do conhecimento de outros agentes, etc. Seu nome é retirado do nome grego epistḗmē que significa “conhecimento” (do verbo epístamai “saber”), do qual também vem a palavra epistemologia.” (Michel Piessens)
O fechamento epistêmico faz parte da filosofia do conhecimento, em que nosso conhecimento é fechado sob a implicação conhecida. Podemos então admitir como um novo “conhecimento” o que está implícito em nosso conhecimento atual.
Eu questiono o significado da formação, atuação e ação de um cientista, literalmente. Não indiretamente através do conhecimento acumulado (transmissão de conteúdos), nem mesmo através da aquisição da competência de reflexividade (transmissão de ferramentas formais), mas diretamente através da transformação do próprio indivíduo enquanto pesquisador, aquele que fomenta a sociedade com a “luz” da percepção e da descoberta.
Daí eu transponho estes pensamentos para o setor alimentar, especificamente para a pesquisa, e eu denomino fechamento epistemológico como a incapacidade ou dificuldade de ver as ciências por outros pontos de vista, e as “guerras” que têm sido travadas entre diferentes áreas do conhecimento sobre alimentos e alimentação.
A mais recente guerra é entre os processos de transformação de alimentos e qualidade nutricional dos mesmos, ou entre o alimento produzido por processos industrias e o estado nutricional de certas populações, ou então entre os que cegamente defendem processos contra os que cegamente defendem que alimentos submetidos aos processos e adição de certas sustâncias são os culpados de certas doenças crônicas.
O princípio do fechamento epistêmico está envolvido em muitos argumentos, especialmente relacionados ao ceticismo. Os céticos e seus oponentes frequentemente oferecem argumentos que se baseiam no fechamento epistêmico.
O triste nesse tipo de situação é que o cético achando que argumenta, se fecha cada vez mais no seu campo epistêmico e começa a pensar no mundo de maneira muito limitada, errando no pensar e no agir. Seria como as tais bolhas das redes sociais, ele pensa, discute e aceita somente os que pensam e discutem como ele.
Mais triste ainda é que um pesquisador ou cientista, digno dessa nominação, deveria ser curioso, aceitar e tentar entender pontos de vista diferentes, respeitar o conhecimento alheio, cooperar com a visão alheia, e ser aberto para o mundo.
Juliana T. Grazini dos Santos – Presidente Verakis
Imagem: pathdoc