De acordo com a Academia Brasileira de Ciências, em seu Guia de Recomendações de Práticas Responsáveis, “rigor e integridade são pré-requisitos para a credibilidade e liberdade da atividade científica, e como tal, essenciais para o contínuo progresso da ciência”.
Como diz o velho ditado, ‘educação vem de berço’, e parece que a integridade científica também.
Um dos artigos publicados pela revista francesa Sciences Humaines menciona um estudo elaborado por dois bioéticos suíços. O estudo demonstra que, “apesar de muitos anos de treinamento em ‘condução responsável de pesquisa’, há poucas evidências de uma mudança real no comportamento dos pesquisadores.”
O artigo ainda comenta que ambos conduziram uma pesquisa qualitativa com 33 pesquisadores suíços em medicina e ciências da vida, de todos os níveis e idades. Perguntou-se às partes interessadas como eles sentiram que seu senso de integridade científica havia sido moldado e o papel desempenhado por ela na educação, e dois terços disseram que não receberam educação.
Vários fatores foram mencionados, como o papel de um modelo desempenhado por determinados idosos ou a importância de levantar essas questões durante a contratação. Cerca de 40% acreditava que a integridade científica deveria ser ensinada nos primeiros anos da universidade.
Mas, acima de tudo, a grande maioria (27 em 33) insistia na importância dos valores pessoais adquiridos na infância. Metade deles (14 em 33) destacou o papel desempenhado por seus pais e professores durante a juventude.
É certo que os exemplos começam dentro de casa. Ninguém absorve melhor novas informações do que uma criança, disponível para receber as novidades como um papel em branco. É por isso que um cientista não surge apenas na Universidade, como pensávamos, mas também nas brincadeiras e travessuras de criança.
Pesquisas :
Haut Conseil de l’évaluation de la recherche et de l’enseignement supérieur, hceres.fr, documentation sur l’intégrité scientifique.
Priya Satalka et David Shaw, « How do researchers acquire and develop notions of ressearch integrity ? A qualitative study among biomedical researchers in Switzerland », BMC Medical Ethics, 16 octobre 2019.
Gemma Conroy, « Is research integrity training a waste of time ? Building good research practices begins before entering the lab », Nature, 12 février 2020.