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2020

França atônita, mas pode ser sair para comprar comida.

Como a França acordou no dia em que foi declarado o primeiro confinamento da pandemia de Covid-19.

França acorda atônita, entre medo e garra para enfrentar a nova Guerra, a guerra contra o Covid-19, como declarou o Presidente Emannuel Macron, ontem às 20hs (na França) em rede aberta. Termo escolhido para dar uma chacoalhada na população, que até então não estava  sensibilizada para seguir as diretrizes de confinamento parcial anunciadas na quinta-feira passada.

No dia 12 de março  Emanuel Macron pediu para que todos os cidadãos franceses evitassem deslocamentos e aglomerações, e anunciou que fecharia creches, escolas, colégios, liceus e universidades na segunda-feira, 16 de março. No sàbado 14 de março, bares, lojas e restaurantes estavam lotados, e o Primeiro Ministro Éduard Philipe anunciou que fechava bares, restaurantes, boates, todo tipo de comércio e mantinha aberto comércio de alimentos, farmcias, lojas de tabaco e jornaleiros.

No domingo seguinte, 15 de março, com eleições municipais mantidas, sol e temperatura agradàvel, as ruas e parques parisienses estavam lotados. Diz-se que dai decidiu-se o confinamento total da população francesa.

Macron convocou todos os seus caros compatriotas (chers compatriotes) para lutar juntos contra a epidemia que vêm tomando conta do territorio francês, ainda com alguns centros de contaminação, sendo os dois mais fortes a Alsacia e Ile de France (Paris e regiao parisiense). Até hoje às 9h24, 1.210 pessoas testaram positivo para o Covid-19 nas últimas 24 horas, e mais 21 mortes foram anunciadas pela Santé publique France, com um total de 148 pessoas mortes e 6.633 infectadas desde o início da epidemia no país. Esse número de 6.633 casos de contaminação diz respeito apenas a pacientes com sintomas suficientemente agudos, principalmente respiratórios, para serem testados.

Macron pediu responsabilidade, empatia e respeito ao proximo, serenidade e para seus compatriotas não cederem ao pânico, e anunciou que os deslocamentos na França serão reduzidos ao que « é estritamente necessário à partir do meio dia de terça-feira, por pelo menos duas semanas";

  • O Segundo turno das eleiçéoes municipais foi  adiada (a data não foi especificada);
  • Todas as reformas em andamento foram adiadas, incluindo as relativas à da aposentadoria;
  • As fronteiras na entrada da UE e d espaço Schengen serão fechadas à partir do meio dia de terçafeira e somente para circulação de pessoas, a circulação de mercadoria se matém;
  • Somente cidadãos franceses poderão retornar à França ;
  • Um hospital do exército será transferido para  Alsácia (regiéao com alta incidência de casos);
  • Um conselho de ministros estava previsto para terçafeira às 10h30;
  • Um projeto de lei "para responder à emergência" contra o coronavírus será apresentado e examinado pelo Parlamento nesta quintafeira.

Mais tarde o Miinistro do Interior, Christophe Castaner esclareceu os termos do confinamento total.

  • Ficam autorizados os deslocamentos de casa para o trabalho quando o teletrabalho não é possível; para fazer compras essenciais em lojas locais autorizadas; ir a um profissional de saúde;  para cuidar de crianças e apoiar pessoas vulneráveis; levar animais para fazer suas necessidades, perto de casa; exercer atividade fisica ndividual.

Para que o confinamento total seja respeitado 100.000 policiais foram mobilizados para realizar verificações e multar os que infringirem as regras. A multa  para os infratores é de 38 euros e serà  em breve aumentada para 135 euros.

A palavra de ordem é clara: fique em casa!, frizou bem Castaner. Todos os que tiverem que circular devem ser "capazes de justificar seu movimento",

E o agroalimentar nisso tudo?

Fato é que o setor do Food Service que jà vinha sido abalado com a dminuição da frequentação de restaurantes, agora levou uma rasteira com o fechamento total até nova ordem. Restaurantes comerciais são os afetados diretamente, mas não esqueçamos dos restaurantes de alimentação coletiva, Sodexo e concorrentes, que teréao que enfrentar a drástica dimunuição  de comensais em seus restaurantes de empresas onde o teletrabalho for possivel.

Talvez  os fornecedores de insumos dos restaurants não sofra tanto, se o aumento da demanda particular conseguir compensar a diminuição da demanda comercial.

O comércio de alimentos, por outro lado, sofre com a alta demanda de produtos (nao somente os alimenticios -  como na Alemanha, Espanha, Portugal, Espanha e outros paises, o papel higiênico, lenço descartàvel e solução hidroalcoolica desaparecem das gôndolas em velocidades records) e a escassa mão de obra pois pelo menos uma pessoa por lar, tem que ficar em casa para cuidar das crianças que não vão para escola ou creche ou faculdade.

Na ultima quinta-feira, em seguida à declaração de Emanuel Macron, um Carrefour da periferia de Paris, que fecha seus portas às 21hs, só conseguiu fechar suas portas às 23hs e na sexta-feira seguinte registrou um faturamento de quase o dobro o do de um dia de véspera de Natal.

A mensagem dos Governo francês e dos profissionais do setor agroalimentar é de que não haverá ruptura de estoques e nem escassez de fornecimento de alimentos. Entretanto, o que se vê são prateleiras vazias, alguns alimentos indisponiveis nas plataformas de compra online, plataformas de delivery de compras sem agenda e filas enormes nas entregas de compras nos supermercado[J1] . Todos com o discurso de que é uma questão de reorganização e regulação do fluxo de compras e reposição de estoques.

E a agricultura, como fica ? Infelizmente pouco se fala sobre a cadeia primària de alimentos nesta crise. Ontem durante a declaração do Ministro do interior muitos internautas bradavam para que falassem que além dos médicos os que não param e não podem para para poder alimentar a população são os agricultores e pecuaristas.

A crise econômica é certa, mas ainda é cedo para prever, pelo menos no setor agroalimentar, a dimensão da mesma.

Juliana T. Grazini dos Santos, Paris, 17 de março de 2019, para José Luiz Tejon.