Nas profundezas do nariz existem milhões de neurônios sensoriais que, junto com nossos olhos e ouvidos, ajudam a conjurar o mundo ao nosso redor. Quando estimulados por um produto químico com cheiro ou odor, eles enviam impulsos nervosos para milhares de aglomerados de neurônios nos glomérulos, que compõem o bulbo olfativo, o centro do olfato do cérebro. Sabe-se que diferentes padrões de ativação glomerular geram a sensação de odores específicos.
E é mais ou menos assim : disparando um determinando conjunto de glomérulos que os seres humanos e outros animais distinguem entre o cheiro de ovo podre ou o de uma banana madura. Um grupo de glomérulos provoca a percepção de abacaxi e o de outro o de vinagre, por exemplo.
Ao contrário de outras sensações, como visão e audição, pesquisas da Langone Health da Universidade de Nova York e seus colaboradores, que vêm produzindo bastante conhecimento sobre a percepção dos odores, não identificaram ainda quais qualidades de um determinado cheiro são usadas pelo cérebro para percebê-lo.
Os pesquisadores explicam que quando vemos o rosto de uma pessoa, memorizamos os olhos desta pessoa e no futuro esta lembrança nos ajuda a reconhecê-la. Mas os ouvidos e o nariz podem ser menos importantes na forma como o cérebro representa essa pessoa.
Para tentar idnetificar características distintivas envolvidas na formação da representação de odores no cérebro, Dmitry Rinberg, neurocientista, e seus colaboradores, descobriram que a sequência de ativação glomerular era crucial para a percepção do odor, em ratos. Quando eles mudaram qual glomérulo foi ativado primeiro, os ratos demonstraram uma queda de 30% na capacidade de sentir o odor correto. Quando eles mudaram o último ativado, houve apenas uma redução de 5% na capacidade de detecção.
Rinberg compara a percepção do cheiro à melodia de uma música: as notas – neste caso, representando glomérulos ativados – são importantes. Mas, sem o tempo certo, a música ou a experiência perceptiva desmoronam. Alterar a sétima nota de uma melodia pode ser imperceptível. Trocar os dois primeiros pode resultar em uma nova música completamente. Quando sentimos o cheiro, não se trata apenas de quais glomérulos são ativados, mas também de que sequência temporal eles seguem.
O grupo de pesquisadores espera aprofundar mais a pesquisa para identificar como as regiões do cérebro ajudam na percepção de odores e objetos quando recebem informações do bulbo olfativo.
Fonte:The Brain Interprets Smell like the Notes of a Song – Scientific American
Foto: BarbaraJackson