Apesar das boas notícias com a chegada de novas vacinas, e possivelmente de novos e eficazes tratamentos, o coronavírus não deu a última palavra. O aparecimento do coronavírus surpreendeu a todos nós, agora temos que pensar no futuro. É provável que o vírus encontre um local permanente entre nós, possivelmente se tornará endêmico.
Existem várias razões pelas quais o vírus pode persistir entre nós. Um dos motivos é a dificuldade de imunizar a população como um todo; 85% dos países não iniciaram os programas de vacinação, muitos não sabem quando poderão fazê-lo.
Outra razão para a persistência da Covid-19 é que, embora as vacinas tornem o vírus menos infeccioso e reduzam a mortalidade, novas variantes virais podem modificar as conquistas obtidas; o distanciamento ainda será necessário. O vírus pode continuar a circular encontrando pessoas desprotegidas, é isso que o vírus faz criando novas cepas em sua luta.
Outro motivo para a persistência do vírus é a recusa em vacinar as pessoas. Os modelos sugerem que, se apenas 10% se recusassem a se vacinar e o distanciamento fosse abandonado, o vírus circularia em níveis elevados, gerando picos de infecções. Com as novas variantes, é necessário que cerca de 80% do total da população esteja imune para atingir o limiar de abrandamento da epidemia. A tarefa não é fácil.
Assim as autoridades devem começar a fazer planos que considerem a Covid-19 como uma epidemia e não como uma emergência temporária. Os governos terão que decidir, alguns já o fazem, como avançar para políticas que sejam econômica e socialmente sustentáveis à longo prazo. A transição pode ser politicamente difícil.
A nova coronanormalidade começará com a ciência médica. Já foram iniciados os trabalhos de adequação das vacinas para conferir proteção contra as variantes, ao mesmo tempo que o monitoramento e vigilância de novas mutações que possam surgir.
Serão necessários tratamentos e terapias que garantam que a Covid-19 não seja fatal; terapias combinadas com imunidade adquirida e possíveis doses de reforço da vacina. Hoje o resultado não é garantido.
Uma vez que a medicina sozinha não pode prevenir surtos mortais de Covid-19, a responsabilidade recai sobre os indivíduos. Hábitos como o uso de máscara, passaporte de vacinação, ou restrições em determinados espaços podem ser atos do dia a dia ou obrigatórios. Pessoas vulneráveis terão que ser monitoradas. E para aqueles que rejeitam vacinas ou medidas de proteção da pedagogia da saúde.
Todos os itens acima podem parecer desanimadores, mas mesmo se não terminarmos com o Covid-19, a situação é melhor do que poderia ter sido; e o crédito vai para o pessoal da ciência e da saúde.
Como alguém disse: ” A Covid-19 não saiu de uma sopa de morcego em um canto de Wuhan, ela faz parte de um sistema.”
Alberto Berga Monge – Madrid, 10 de março de 2021.
O Prof. Dr. Alberto Berga Monge, é médico veterinário espanhol, professor e colaborador Verakis, professor colaborador da Universidade de Zaragoza, auditor da União Europeia e diretor da AMB Consulting, e escreve para o blog da Verakis.
Imagem: Bellahu123