A sociologia da ciência insiste no fato de que as controvérsias científicas não incidem apenas sobre a interpretação de um dado fenômeno, mas também e sobretudo sobre a mudança intelectual que isso implica, não só no desenvolvimento da ciência, mas também do meio social que o rodeia. A controvérsia científica, portanto, desempenha um papel central entre aqueles que fazem ciência e aqueles que dependem de seus resultados.
Uma controvérsia científica pode ser definida como um debate, amigável ou não, contra personalidades ou grupos da comunidade científica ou de seus observadores (epistemólogos, filósofos da ciência, sociólogos da ciência, jornalistas …) sobre um ponto da teoria científica ou sobre o fatos históricos ou filosóficos a serem associados a esta teoria. Toda controvérsia científica é conflitante por natureza.
A história da ciência “não pode ser isenta de controvérsias [porque] acompanham o progresso do conhecimento [e] provavelmente avançam a pesquisa” 1; está, portanto, repleto de controvérsias, algumas das quais permaneceram famosas.
Hoje em dia falar e discutir controvérsias é mais do que importante é urgente é crucial, pois além da ciência estar cada dia mais desacreditada aos olhos dos politicos e grande publico, estamos num impasse, sobretudo na área dos alimentos e da alimentação, onde as escolhas erradas nos levarão ao pior. E mesmo com boas escolhas temos que federar ideias e ações para corrermos atras do tempo perdido.
Progresso científico é o nome dado ao desenvolvimento do conhecimento científico.
O filósofo da ciência Thomas Samuel Kuhn (1962, “A Estrutura das Revoluções Científicas”) mostrou por meio de estudos históricos que o progresso científico não é um processo cumulativo, mas, em vez disso, procede em mudanças de paradigma, que ele chama de revoluções científicas. Quando um novo paradigma se instala na comunidade científica, ocorre também uma fase de progresso dentro do que Thomas Kuhn chama de “ciência normal”, até que surjam fenômenos ou anomalias inexplicáveis, desafiando o paradigma.
Precisamos avançar enfrentando as controvérsias, mas acima de tudo precisamos unir esforços, e pensar na visão sistêmica da alimentação. Do mesmo modo que nossos sistemas alimentares não funcionam mais, do ponto de vista da ecologia, nosso sistema de segmentações do conhecimento e um certo fechamento epistêmico, tem se mostrado muito contraprodutivo.
Um pesquisador deveria se esforçar para deixar de lado ego, egoísmo, poder e medo, e pensar no conhecimento universal, não somente do ponto de vista do acesso, mas do de ouvir outros pesquisadores, aceitar e confrontar controvérsias com argumentos, e desejar honestamente um consenso universal que preze a qualidade da alimentação PARA TODOS.
Juliana T. Grazini dos Santos
Imagem: Black Salmon