O estudo “Artes tradicionais do fazer: alimentos e patchwork em tramas” foi apresentado no “Papo à Mesa” Verakis de agosto, pela da socióloga Mônica Chaves Abdala e pela antropóloga Claude Papavero.
Dando destaque à sociologia da alimentação e da cultura, Mônica Abdala se dedica em especial a temas como hábitos alimentares, história da alimentação, formas de sociabilidade, cultura popular, identidade regional e de gênero. Já Claude Papavero, dedicada à antropologia social, pesquisa temas ligados à Antropologia da Alimentação, à Etnohistória e à Teoria Antropológica.
Ambas realizaram um estudo em conjunto com o Clube Brasileiro de Patchwork e Quilting de São Paulo a fim de discutir questões históricas e hábitos culturais da vida brasileira, representados por nada menos que a arte têxtil. Obras de arte em patchwork e quilting, repletas de significado, retratando formas de cuidado com a vida e a comida brasileira. São obras que, para além de unir material têxtil, costuram os laços de sociabilidade no Brasil, seus processos de migração, etnicidade, religiosidade e festejos.
Mônica e Claude expuseram algumas das obras que foram analisadas em seu estudo, as quais são principalmente manufaturadas por mulheres, que conservam essa forma de arte em tecido.
Foram retratados alguns alimentos da sociobiodiversidade brasileira e, que trazem consigo memórias de gostos, cheiros, sabores, bem como afeto e cultura. Entre os alimentos selecionados, estão o café nacional, o chimarrão e churrasco gaúchos, a mesa mineira e as pimentas.
A mesa mineira, mesmo a quem nunca se sentou em uma, representa aconchego e cultura culinária, com seus belos queijos e pães.
O café traz memórias do seu cheiro e gosto, das boas conversas tidas com ele em mãos, do hábito social que criamos em torno desta bebida quente e amarga.
Por falar em memórias, não posso deixar de mencionar o encanto que foi, enquanto gaúcha, ver o chimarrão retratado em uma paisagem de fim de tarde, uma cuia ao lado do pôr do sol, exatamente como vemos quando compartilhamos risadas e chá de erva mate no sul do país.
Por fim, nos resta contemplar a beleza da cultura culinária brasileira, e perceber que além de bela, é rica e intrigante, digna de ser valorizada e perpetuada na arte de patchwork e quilting brasileira.
Ao leitor, deixo a reflexão: que comida da sua rotina e cultura merecia ser perpetuada em arte?
Assita a apresentação no canal youtube de Verakis.
Lauren Yurgel – Estagiária da Verakis, estudante de nutrição na UFRGS.