A desinformação, conjunto de técnicas de comunicação que visa enganar as pessoas ou a opinião pública para proteger interesses (privados ou não) ou para influenciar a opinião pública, sempre foi um problema nas sociedades, com o advento das redes sociais foi exacerbado.
A palavra desinformação foi “criada” no final do sécula XX devido ao aumento da quantidade de informações errôneas circulando nas sociedades.
As informações falsas ou distorcidas são “promovidas deliberadamente e compartilhadas acidentalmente”. (Brian G. Southwell, Emily A. Thorson, Laura Sheble – Misinformation versus Disinformation“, American scientist (2017) , Volume 105, Number 6, Page 372) |
De acordo com um estudo publicado em 10 de agosto no American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, cerca de 5.800 pessoas em todo o mundo foram internadas em hospitais após lerem informações falsas ou rumores sobre o coronavírus. (http://www.ajtmh.org/content/journals/10.4269/ajtmh.20-0812)
Acredita-se que pelo menos 800 morreram devido à ingestão de desinfetantes, e cerca de 60 pessoas também ficaram cegas depois de beber metanol.
Para chegar a esses números, essa equipe de pesquisadores em ciências sociais, médicos e epidemiologistas listou um grande número de informações não verificadas, vindas de redes sociais, mas também de grandes jornais diários, de organizações governamentais .
Foram então classificadas em três categorias: rumores, estigma e teorias da conspiração.
Após uma verificação rigorosa dos fatos, 82% dessas afirmações se revelaram simplesmente falsas .
Um número impressionante, especialmente quando sabemos que apenas 16% das infoxicações médicas publicadas no Facebook são relatadas como tal pela plataforma.
Os 84% restantes ainda estão fora de seu controle. Ou seja, ainda circulam como legítimas.
Tratar da questão da desinformação, conscientizar, orientar e auxiliar emissores e receptores para que participem do processo de neutralização das informações errôneas é fundamental se quisermos construir numa sociedade consciente e lúcida.
Por outro lado também faz-se necessário um grande esforço de construção do espírito crítico, capacidade de questionamento e discernimento, e a capacidade de aceitar e entender pontos de vista diversos e diferentes. Isso deve começar dentro de casa e nos primeiros anos de escola, mas para tanto precisamos repensar as necessidades intelectuais e pessoais da humanidade.
Mais vale dominar a trigonometria ou viver em sociedade?