25
.
03
.
2020

O comportamento alimentar na Austrália – Protagonismo da alimentação em momentos de crise

A COVID-19 impactou o varejo na Austrália, incluindo supermercados e restaurantes. Aumento na demanda levou à escassez temporária de alguns alimentos.

Contexto

A COVID-19 chegou na Austrália no final de janeiro e, segundo dados atualizados enquanto escrevo esse texto, são 1,709 casos confirmados, sendo 313 novos casos nas últimas 24 horas. Somente essa semana (a partir de 23 de março) medidas mais efetivas, como suspensão de serviços não-essenciais, estão sendo implementadas. Entretanto, o varejo já tem sido altamente impactado mesmo antes destas medidas mais severas e as compras impulsivas tem sido responsável por grande parte das ruturas de estoque que estão a ocorrer nas prateleiras.

A vida nos supermercados australianos

Levando em consideração a minha experiência pessoal e os mercados que frequento, no que se refere a alimentos, os principais itens que estão faltando nas gôndolas já há algumas semanas são: Arroz, macarrão, farinha e carnes frescas e congeladas (todo o tipo). Alguns itens que estavam em falta, mas agora estão apenas escassos, sendo possíveis de encontrar dependendo do horário: ovos, leite, pão e queijo.

Assim como acontece em outras países da Europa, vale ressaltar que não existe problema na cadeia de suprimentos de alimentos na Austrália, a falta de alimentos nas gôndolas deriva-se do aumento repentino da demanda (“panic buying”).

Como estratégia, os supermercados encurtaram os horários de atendimento, para que possam ter mais tempo para repor os estoques diariamente, além das opções de delivery e click & collect.

Meal-kit companies: um clube de assinatura para alimentos

Algo muito comum na Austrália são as empresas de “meal-kit”, que semanalmente entregam produtos frescos acompanhados de receitas, para pessoas que querem cozinhar em casa sem se preocupar em ir ao mercado.

Com a crise nos supermercados e a antecipação do cenário que estava por vir, houve um aumento muito grande no número de assinantes. Fui uma das pessoas que optou pela assinatura em tempo, antes das empresas pararem de aceitar novos clientes. Mas, minha primeira entrega que seria dia 21 de março não ocorreu, por falta de mão de obra para fazer o empacotamento, dado o aumento da demanda. Friso novamente que, segundo a empresa, o problema não foi falta de suprimentos. No momento, estou aguardando a data em que eles poderão iniciar o meu serviço.

Restaurantes e Cafés na Austrália

Em 22 de março, o Primeiro Ministro australiano anunciou que restaurantes e cafés passariam a funcionar somente com entregas a partir de 23 de março. Como trata-se de algo recém implementado, eu ainda não sei dizer como será por aqui. Até o momento, eu ainda estava indo aos estabelecimentos para ajudar os pequenos negócios locais.

Serviços de entrega (UberEats e similares) estão aparentemente funcionando normalmente, porém acredito que qualquer impacto só poderá ser observado nos próximos dias, considerando o exposto acima.

A autora

Cristiane Miura é formada em Comunicação Social pela PUC-Campinas com MBA em Marketing Digital pela FGV-Rio. Vive na Austrália desde 2017 e atualmente trabalha no Terceiro Setor (Marketing Direto), com foco no desenvolvimento sustentável de comunidades e ajuda humanitária na Ásia, África, Oriente Médio, Ilhas do Pacífico e Austrália.

Fonte:
Imagem: Photo by qi bin on Unsplash