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2020

Em tempos de quarentena fui às compras!

Alex Fonseca relata as dificuldades de ir ao supermercado durante a pandemia, com falta de produtos básicos e aglomerações. No Brasil, ele observa mudanças.

Nesse período de modificações no padrão de consumo a ida aos supermercados e às feiras pode tornar-se um grande desafio.

Ouvindo os rumores de outros países de que alguns produtos estavam começando a faltar na prateleira, fui a um supermercado atacadista para fazer as compras para minha casa e a da minha sogra (uma idosa de 67 anos que mora sozinha e que está com pavor de até de sair do apartamento).
Ao chegar lá a grande surpresa : fiquei cerca de 20 MINUTOS para conseguir um carrinho! Apesar da orientação para evitar aglomerações, o local estava lotado e as filas gigantescas.

De repente um senhor, já exaltado, sobe em cima de um banco no meio da loja e grita: “ Calma gente! Vamos pensar no próximo que também precisa comprar. Se todos comprarem apenas o necessário, não vai faltar para ninguém!”

Enquanto alguns não davam a mínima para ele, outros mexiam a cabeça com um gesto de concordância.

Em meio a este caos, desisti e resolvi ir embora.

No dia seguinte fui a um “hortifruti” e conversei com o gerente para saber como estavam as coisas. Ele relatou que o abastecimento não estava normal e que os alimentos como cebola, cenoura, batata e leite eram os mais difíceis para manter o preço e o ovo quase não chegava. Preocupante, pois são alimentos básicos para casa de muitos brasileiros.

Com o decreto municipal n 59.285, complementado pelo decreto estadual n 64.881, uma série de medidas para o período da quarentena foi decretada. A Prefeitura de São Paulo, por meio do Departamento de Abastecimento, tomou algumas medidas para as feiras livres com intuito conscientizar e proteger a população, com isto, a degustação de alimentos foi suspensa nessa período e equipamentos e produtos de higiene deveriam estar disponíveis para a população. Os feirantes também deveriam reduzir a oferta de mesas e cadeiras para o público com o objetivo de facilitar o fluxo de pessoas e diminuir as aglomerações .

O fato é que ao ir à feira, e conversando com os feirantes, foi possível notar uma redução significativa do número de clientes (um feirante chegou a me relatar uma percepção de 50%) e observei poucos pontos com álcool em gel.
No meio do caminho, também notei falta de gás de cozinha em alguns pontos de venda e no único que ainda vendia, a fila de clientes era bem grande, mesmo o preço estando 33% mais caro.
Com a primeira semana de quarentena sendo de muita procura pelos produtos e os estoques das famílias estando abastecidos, acredito que o movimento desses lugares tende a cair.

Espero que as compras que realizo para as duas casas sejam mais tranquilas do que foi nesses primeiros dias e que possamos passar por essa fase o mais breve possível.

Alex Fonseca – São Paulo, 29 de março de 2020.

Alex Fonseca é um dos correspondentes Verakis para acompanhar a evolução do setor dos alimentos durante a Pandemia do COVID-19. Ele é nutricionista, tem aprimoramento em Nutrição, Saúde Publica, Consumo e Comunicação Pela FCNAUP/Verakis, trabalhou no Sesi e atualmente é representante de produtos alimentícios.

Imagem: Guia Folha Uol